A perigosa aproximação do dólar do patamar de R$ 5,80 provocou mobilização do primeiro escalão do governo. Nesta quarta-feira (30), a cotação oscilou muito mas fechou o dia marcando passo (+0,04%), ainda perto da próxima barreira psicológica, a R$ 5,763.
O que mudou foi que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ganhou apoio do "colega" da Casa Civil, Rui Costa, no esforço de tranquilizar o mercado sobre as anunciadas - mas ainda não entregues - medidas de corte de gasto.
— Quem apostar contra o Brasil vai perder, o presidente Lula vai fazer os ajustes necessários para manter o crescimento do país, assegurar investimentos e cumprir o arcabouço fiscal, enquadrando as despesas dentro das regras da meta fiscal — afirmou Costa.
Haddad, por sua vez, confirmou que houve entendimento com a Casa Civil sobre os cortes de despesas e reiterou que o "conjunto" - ele quer evitar a palavra "pacote" - vai permitir a sustentabilidade do arcabouço fiscal no longo prazo.
Diferentemente do primeiro anúncio de cortes que se seguiu a uma disparada do dólar, agora o mercado não se tranquiliza mais só com palavras, quer ver - e avaliar - as medidas.
A expressão "sustentabilidade do arcabouço fiscal no longo prazo" sugere que haveria mudança na vinculação dos gastos de saúde e educação ressuscitada pela troca do teto de gastos pelo novo marco fiscal. Mas esse é o tipo de medida que o mercado. literalmente, paga para ver.