Luciano Seixas Chagas é baiano, mas fez mestrado em Geociências na UFRGS, no final da década de 1990, no extremo sul do país, onde agora há perspectiva real de descobertas de jazidas de petróleo . Com 30 anos de experiência na Petrobras, foi um dos primeiros a chamar atenção para o potencial da Bacia de Pelotas, que chama de "gêmea vitelina" geológica da Bacia do Rio Orange, na costa da Namíbia. Pode ser, portanto, tão "espetacular" quanto.
O que significa a assinatura de contratos de concessão para explorar petróleo na Bacia de Pelotas?
Agora, a Petrobras ganhou o direito de pesquisar os blocos. Os de Orange, na Namíbia, produzem bem, e a Petrobras vai investir nisso. Vai fazer processamento físico, rodar inteligência artificial e reprocessar linhas com supercomputadores. É um trabalho de tirar o risco do prospecto. Também vai ter de adquirir sísmica.
Em quanto tempo estima entre a assinatura e o início da pesquisa?
Se já existe sísmica de qualidade adquirida, começaram os trabalhos. Para escolher o local para perfurar, é preciso identificar, ter licenciamento ambiental e ver a disponibilidade de equipamentos. Tem de fazer um cronograma para que cada etapa necessária seja cumprida. Primeiro, é preciso "descobrir" (confirmar o achado), o processo seguinte é produzir, mas ainda não chegamos lá. Estamos no processo de transformar o virtual em real, que termina com registro em poço.
E quanto tempo entre o trabalho de descoberta e a produção?
A fase de exploração pode demorar, dependendo da agilidade da companhia, de três a seis meses para saber onde fazer o primeiro poço. E a busca do equipamento vai depender da disponibilidade, pode se prolongar até dois anos. Um projeto ágil, entre descoberta e produção, demora cerca de sete anos. É assunto para 2031, se houver confirmação.
Mas quando será possível saber se foi encontrado ou não petróleo?
Há uma série de condicionantes. Uma é quanto tempo o Ibama vai demorar para liberar a licença. Pode levar até um ano. A Petrobras já deve estar trabalhando nos algoritmos e nos reprocessamentos. Demora de três a quatro anos para poder perfurar.
Em que ponto a Bacia de Pelotas se situa entre as prioridades da Petrobras?
A Margem Equatorial é a prioridade, porque já está em processo há muito tempo. Mas a Margem Equatorial ainda está na fase de descobrir. Todas as expectativas são especulações. Se a exploração na Bacia de Pelotas tivesse começado há mais tempo, seria a prioridade número 1. Mas hoje é a número 2, atrás da Margem Equatorial.
O licenciamento ambiental da Bacia de Pelotas deve ser complexo?
A princípio, tem menos dificuldades do que no Amapá, por exemplo, porque lá foi associado à floresta amazônica.
E como avança a exploração na Namíbia, onde tiveram recentes descobertas que desencadearam o interesse na Bacia de Pelotas?
Já confirmaram e estão ampliando as descobertas, estendendo pela costa sul da África. Já estão encontrando mais (volume) e preparando para a produção (extração do petróleo encontrado com finalidade comercial). Estão bem mais adiantados do que a gente.
*Colaborou João Pedro Cecchini