Embora tenha sido praticamente comemorado no Brasil, porque tirou pressão para elevar ainda mais o juro por aqui, o day after do supercorte feito pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) trouxe leituras menos positivas.
Movimentos acima de 0,25 ponto percentual nos EUA são raros, especialmente em início de ciclo, tanto de alta quanto de baixa. Por isso, analistas interpretam a dose dupla do Fed como reforço da leitura de risco de recessão na maior economia do mundo. Um corte mais profundo seria necessário para afastar essa possibilidade.
Essa hipótese vem entrando e saindo do radar dos investidores pelo menos desde o início de agosto, quando fez a cotação do petróleo despencar a despeito do risco de ampliação do conflito no Oriente Médio.
Na véspera, uma das leituras feitas por analistas americanos sobre o supercorte era a de que embutia expectativa de vitória de Kamala Harris nas eleições nos Estados Unidos. Conforme essa interpretação, uma vitória de Donald Trump significaria projeção maior de inflação, que exigiria juro mais alto.
Fed e BC fizeram movimentos semelhantes de números e letras. Lá, o corte mais acentuado foi amortecido por declarações cautelosas do presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, que não se comprometeu com qualquer ritmo do ciclo de baixa e avisou que "não há pressa" para levar o juro a patamares menores.
Foi por isso que, na quarta-feira (18), o dólar chegou a baixar a R$ 5,415 - perto de cair para o nível de R$ 5,30 - logo após o comunicado do Fed, voltou a subir depois do pronunciamento de Powell, para encerrar o dia mais perto da fronteira seguinte, de R$ 5,50.
Aqui, a elevação foi mais suave - havia apostas de alta de 0,5 ponto percentual - mas ganhou gravidade por meio do tom duro do comunicado.