Se na véspera foi a cotação do petróleo que disparou, nesta quinta-feira (1º) foi a vez de o dólar ter forte alta, de 1,43%, para R$ 5,735, motivada pelo cenário global de aversão ao risco. Esse é o maior nível desde 21 de dezembro de 2021, quando fechou em R$ 5,738.
Entre os elementos desse cenário estão o assassinato de Ismail Haniyeh, líder formal do Hamas, e a morte do chefe da ala militar do grupo, Mohammed Deif, conforme Israel em um bombardeio na Faixa de Gaza em julho.
No Brasil, também pesou o fato de o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não ter sido considerado suficientemente duro pelo mercado.
Conforme analistas, embora o comunicado tenha usado palavras fortes para indicar luz amarela, pode ter sido "leniente" ao não contemplar uma hipótese clara de retomada de aumentos no juro básico, algo que o mercado discute desde junho passado.
E se já havia preocupação com a inflação "desancorada" no Brasil antes dos últimos episódios no Oriente Médio, o aumento no risco de ampliação do conflito só acentua essa inquietação.
A alta no preço do petróleo pressiona preços de todos os tipos, porque é matéria-prima de combustíveis a embalagens de alimentos. Nesta quinta, a cotação até recuou 1,3%, para US$ 79,52, com a situação estável dos estoques.
Ninguém duvida de que o Irã vai retaliar. O que não se sabe é, se desta vez, a diplomacia internacional será capaz de conter o ímpeto do país que se considera duplamente atacado pelo fato de o ataque que matou Raniyeh ter ocorrido em seu território.
Uma escalada arriscada, ou como viemos parar aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato de Ismail Haniyeh é visto como um perigoso cruzamento de limite, do ponto de vista da contenção do conflito ao âmbito de Israel e Hamas.
- Nesta quinta-feira (1º), as Forças Armadas de Israel anunciam que, em 13 de julho, caças atacaram uma área de Khan Yunis e Mohammed Deif "foi eliminado".