Quando Jean Paul Prates foi indicado à presidência da Petrobras, mercado financeiro e especialistas no setor respiraram aliviados, como a coluna registrou. Por isso, não é surpreendente a reação do mercado à troca já anunciada de Prates por Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo Dilma.
Nesta quarta-feira (15), as ações preferenciais da estatal, as mais negociadas, abriram com queda ao redor de 7%, depois de terem perdido 8% nas negociações de ADRs (American Depositary Receipts, que representam papéis da empresa na bolsa de Nova York).
— A percepção é de que a decisão de Lula foi no sentido de forçar a Petrobras rumo ao investimento. É algo que tem todo o direito de fazer, mas inevitavelmente o efeito de curto prazo é a perspectiva de que o preço das ações deve ser descontado — diz o economista André Perfeito, resumindo a causa da reação.
Para lembrar, porque houve tantas idas e voltas que embaralharam memórias: quando saiu o resultado do quarto trimestre de 2023, com R$ 43,9 bilhões só em dividendos (parte do lucro "dividida" com os acionistas), Prates queria distribuir metade.
Foi barrado por iniciativa do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, que queriam que a estatal retivesse a totalidade desses recursos para investir - e assim, dar velocidade ao Novo PAC.
Isso custou à estatal uma perda de valor de mercado (cotação das ações, multiplicada pelo número) de R$ 63 bilhões. Até agora, parte foi recuperada, parte não. Foi necessária a intervenção do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para recobrar racionalidade.
Chambriard é uma profissional reconhecida no setor de petróleo e gás, no qual atual há 40 anos. Menos no mercado, e mais entre especialistas em petróleo, a dúvida é se será capaz de resistir a lobbies que vinham cercando a Petrobras. Entre os investimentos que poderiam ganhar velocidade, estão alguns cuja prioridade é contestada - e isso não tem qualquer relação com a exploração de petróleo na Margem Equatorial, à qual a futura presidente é favorável.
Conforme pessoas no entorno da estatal e conhecedores do setor, os investimentos problemáticos envolveriam a construção de gasodutos e a produção de navios, entre outros. Com apoio do atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a intenção de Prates era retomar a construção naval sem os erros do passado.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo