O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu nesta terça-feira (14) o ex-senador Jean Paul Prates do comando da Petrobras. Segundo apurou o Estadão, Lula deve indicar para o cargo Magda Chambriard. Ela foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff.
Em nota, a Petrobras informou ter recebido solicitação de Prates para que o Conselho de Administração se reúna para avaliar o encerramento do mandato (leia abaixo). De acordo com o Estadão, a demissão foi anunciada durante uma reunião no Palácio do Planalto em que estavam, além de Prates, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa.
A demissão de Prates acontece um dia após a divulgação do balanço da companhia. A estatal fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, 37,9% a menos do que há um ano, e 23,7% inferior ao registrado no trimestre imediatamente anterior.
Crise com integrantes do governo
O comando de Prates já era questionado havia alguns meses. Em 7 de março, após um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões da estatal, o Conselho de Administração da Petrobras, que tem maioria formada por integrantes do governo federal, decidiu não fazer a distribuição extraordinária de dividendos entre os acionistas da empresa. Patres enviou ao Conselho de Administração proposta para pagar 50% dos dividendos extraordinários e reter os demais 50%. Porém, o colegiado decidiu propor reter todo o valor. A retenção levou a companhia a perder R$ 56 bilhões de valor de mercado em um único dia.
No início de abril, ocorreu outro episódio de desgaste. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, admitiu em entrevista à Folha de S.Paulo ter conflitos com o então dirigente da petroleira. Silveira e Prates acumularam choques em relação a temas como preço de combustíveis e distribuição de dividendos extraordinários a acionistas da estatal.
Além disso, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, estaria sondando candidatos que pudessem comandar a estatal no lugar de Prates. Na época o nome do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, chegou a ser citado. O presidente Lula convocou uma reunião para discutir a situação. Apesar disso, Prates foi preservado no cargo.
No final do mês de abril, porém, os acionistas da Petrobras aprovaram por maioria a proposta da União de pagamento de 50% dos dividendos extraordinários retidos no início de março.
Leia na íntegra a nota da Petrobras
"Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prattes, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras. Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado."