As imagens que chegam do Vale do Taquari e de outras áreas do Estado onde a água já refluiu expõem as cicatrizes deixadas pelo dilúvio de maio de 2024.
Em alguns locais, a única comparação possível é com uma área devastada por um furacão. Em outras, pode ser relacionada ao cenário depois de um bombardeio, com paredes de alvenaria destroçadas e peças isoladas até difíceis de identificar, porque foram desconectadas do todo em que faziam sentido.
À medida que a água volta para os leitos dos rios - não se sabe por quanto tempo -, essas cicatrizes começam a desenhar o mapa das necessidades do Estado.
Estão mostrando onde será preciso substituir pontes - não apenas reconstruir, embora conexões emergenciais possam ser necessárias -, reformar estradas, mudar bairros inteiros ou até toda a cidade de lugar.
Escolas, especialmente as que já não tinham manutenção e atualização adequadas, também precisarão de novos prédios, assim como postos de saúde cuja reconstrução parcial já foi anunciada pelo governo federal.
É difícil evitar a tristeza e a sensação de perda, que não é só material, mas também afetiva. Além das cicatrizes físicas, permanecerão as emocionais, seja de famílias que perderam tudo, inclusive peças e imagens que contam a história de suas vidas, seja de cidades que já não têm seus marcos referenciais.
Em respeito a essas perdas, é essencial combinar a energia necessária para seguir o mapa do socorro - que precisa considerar o que reconstruir, o que substituir e o que devolver à natureza - com a velocidade adequada ao tamanho e à abrangência dessas cicatrizes e seus impactos em todo o país, combinada à extrema transparência na gestão dos recursos para evitar oportunismo.
PARA LEMBRAR: ainda há emergências a atender e uma reconstrução desafiadora pela frente, para as quais será necessária toda a ajuda disponível e mobilizável, por menor que seja. Se for grande, melhor ainda. Se puder, por favor, contribua. Saiba como clicando aqui.