No início da manhã desta terça-feira (16), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, procurou explicar a mudança da meta fiscal para 2025. Citou as palavras mágicas que o mercado e os economistas mais ortodoxos gostariam de ouvir: “corte de gastos”.
Mas um pouco por desconfiança doméstica, outro pouco pelo aumento do risco no Oriente Médio, o dólar teve forte alta, de 1,64%, e fechou cotado R$ 5,27, depois de ter tocado a máxima diária de R$ 5,284 perto do meio-dia. É a maior cotação desde 24 de março de 2023. Em apenas dois dias da semana, o aumento é de 2,9% - quase uma disparada, pelos critérios da coluna.
Tebet lembrou que o arcabouço fiscal não tem só meta de resultado - que havia sido mudada na véspera para 2025. Fez questão de destacar que inclui mecanismo que limita gastos a 75% do aumento da receita ou crescimento de 2,5% sobre o exercício anterior. Ambos seguem valendo apesar de o governo Lula ter desistido de perseguir superávit primário (resultado positivo de receita menos despesas, sem contar o pagamento da dívida) de 0,5% do PIB em 2025.
Mais que a fala de Tebet desta terça, pesou mais a de ontem do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que afirmou:
— Sempre que há uma mudança que torna o rumo fiscal menos transparente, ou menos crível, significa que você tem de pagar com custos mais elevados do outro lado, então o custo de fazer política monetária fica mais alto.
A reação no câmbio é mais forte do que na bolsa. Na segunda, houve leve redução, na fronteira da estabilidade (-0,49%). Nesta terça, acentuou um pouco a queda, para 0,6X%. O Ibovespa defende uma pontuação ao redor de 125 mil pontos, bastante acima de um ano atrás, quando estava pouco acima de 100 mil. A bolsa de Nova York não teve um dia brilhante, mas conseguiu encerrar em estabilidade positiva, com "alta" de 0,17%.
Um dos motivos pelos quais o câmbio é mais afetado é o fato de o dólar ter se valorizado muito ante a várias outras moedas em decorrência do momento de maior risco geopolítico. Os títulos do Tesouro dos Estados Unidos estão outra vez perto de seu pico histórico porque a percepção é de que o horizonte para o corte do juro americano está mais nublado do que nunca. Aumento do risco externo mais ampliação da incerteza interna sobre o ajuste e a dívida fazer o real ser uma das moedas mais desvalorizadas do dia.