A perda de participação da economia gaúcha na geração de riqueza nacional, medida por meio do peso no Produto Interno Bruto (PIB), foi um dos primeiros sinais de alerta sobre a estagnação do Estado, ainda no século 20. Na época, o Rio Grande do Sul desceu um patamar, da faixa de 7% para a de 6%.
Depois, veio a crise das finanças públicas, que deixou claro o tamanho do problema. Agora, o Estado que se orgulha de suas façanhas enfrenta nova ameaça: cair da faixa de 6% do PIB nacional para a de 5%.
Nos últimos 22 anos, isso ocorreu apenas três vezes, exatamente nos anos em que a estiagem bateu mais forte na economia gaúcha. Na apresentação dos resultados do PIB gaúcho, na terça-feira (26), o risco ganhou forma, com dois anos sucessivos com fatia abaixo de 6%: 5,88% no dado revisado de 2022 e 5,9% em 2023, ainda sem revisão.
Pausa para explicação: os dados do PIB, tanto o nacional quanto os estaduais, demoram um pouco para sair. Normalmente, são necessários dois ou três meses até que todas as informações cheguem e sejam processadas. Mesmo assim, alguns são preliminares, e depois da primeira publicação oficial - como a que ocorreu ontem, no caso do PIB gaúcho -, ocorrem revisões dos números.
Foi o que ocorreu com a fatia do PIB gaúcho no nacional em 2022. Quando foi apresentado, a participação se mantinha cravada em 6% (veja publicação aqui). Só na terça-feira (26), quando a coluna se surpreendeu com a fatia de 5,9%, foi explicitada a revisão que levou o peso para 5,88%, depois de revisão, ainda em 2022.
Portanto, são dois anos abaixo do patamar de 6% em que a economia gaúcha se segurou ao menos desde 2002, quando começa a atual série histórica do PIB gaúcho. Como está apenas 0,1 ponto percentual abaixo, é possível que a boa safra esperada devolva aos gaúchos seu peso histórico na economia nacional.
Mas há um alerta dramático a um Estado chuva-dependente: o fenômeno climático El Niño se despede em seguida, mas sua irmã La Niña chega no segundo semestre. Além disso, a mudança climática se antecipou aos avisos mais drásticos e já intensifica todos os chamados "desastres naturais". Para não entrar em decadência, o Rio Grande do Sul precisa ter uma ferramentas efetivas para enfrentar essa nova realidade ambiental.