Depois da estiagem de 2022, que provocou uma queda de 5,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, a atividade econômica do Estado voltou a crescer no ano passado. Com efeito limitado da agropecuária, desta vez em razão de forte chuvas, o PIB registrou alta de 1,7% na comparação com o período anterior e atingiu R$ 640,299 bilhões, o que representa uma fatia de 5,90% do total apurado no país.
O desempenho fica abaixo da alta de 2,9% no Brasil em 2023. O número do Estado, divulgado nesta terça-feira (26) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, é fruto das altas de 16,3% na agropecuária e de 2,7% nos serviços, ambas acima da média nacional (15,1% e 2,4%, respectivamente). A indústria caiu 4%, contrariando a performance do país que fechou o mesmo período em alta de 1,6%.
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, houve estabilidade (0%), performance idêntica à do Brasil. Houve recuo de 12,3% na agropecuária e elevações de 0,1% na indústria e 0,6% nos serviços. Na comparação com os últimos três meses de 2022, a retração do PIB gaúcho foi de 0,7% — baixas de 23,1% na agropecuária e 1% na indústria. Os serviços tiveram expansão de 2,1%.
Agronegócio sofreu com os efeitos climáticos
Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), afirma que o resultado veio abaixo do esperado, sobretudo, pela piora significativa na indústria. Ele também destaca os efeitos da última temporada de chuvas, que afetaram e reduziram pela metade a produção do trigo, principal cultura do Estado nos últimos três meses de cada ano.
De acordo com ele, o crescimento da agropecuária "não permite comemorações", uma vez que no ano passado houve estiagem, menos danosa do que a de 2022, e chuvas na segunda metade do ano.
— Os dados da agropecuária, dado a dimensão da variação, nas próximas revisões podem acomodar a diferença, mas na indústria não, a queda foi substancial e preocupante.
Indústria travou melhores desempenhos
Diferentemente do que aconteceu em outros anos, não foi a agropecuária que explicou a discrepância entre o crescimento verificado em esfera nacional e regional, mas sim a indústria. Os dados nacionais de formação bruta de capital, em queda de 9,9% no país em 2023, já davam indícios, desde o final de 2022, que não trariam efeitos positivos para a indústria de bens de capital. É o que explica a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo:
— Aconteceram eventos particulares à indústria gaúcha, que também acabaram por diminuir ainda mais a produção. De maneira geral, o segmento de transformação passa por um momento desafiador, e não é de hoje. O problema, porém, é maior do que o nível de taxa de juros ou da taxa de câmbio, estamos lidando com profundas dificuldades de competitividade que abarcam questões tributárias, trabalhistas, de produtividade do trabalho e do capital, entre outras.