Depois de ter o terceiro pior resultado do país em 2023, a indústria do Rio Grande do Sul também não largou bem em 2024. A produção recuou 3,8% em janeiro sobre dezembro. É novamente o terceiro maior corte da pesquisa nacional do IBGE, mas dado o peso das fábricas gaúchas no parque industrial brasileiro, foi a maior pressão negativa sobre o indicador do país (-1,6%).
— A taxa de janeiro é a mais intensa desde setembro de 2023 no Rio Grande do Sul. O resultado foi impactado pelas atividades de derivados do petróleo e produtos do fumo, que são bastante atuantes dentro da indústria gaúcha — detalha o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Na comparação com janeiro do ano passado, a queda é ainda mais intensa, de 4,5%. O acumulado de 12 meses tem um corte de produção desta mesma magnitude, só perdendo para Maranhão (-6,2%) e Ceará (-4,7%).
Das sete atividades com queda na produção, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-24,1%) foi a queda de maior impacto, seguida pela de máquinas e equipamentos (-27,9%). O tombo não é maior porque aumentou a produção de couros, artigos para viagem e calçados (13,3%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,4%).
Além das variações, é importante observar que a produção das indústrias gaúchas em janeiro ficou em 91,23 pontos, o menor patamar desde fevereiro do ano passado, mês de Carnaval. Antes disso, o resultado mais baixo foi em junho de 2020, no primeiro trimestre da pandemia.
Um olhar realista
É importante que a indústria gaúcha receba um olhar mais preciso e sofisticado para um diagnóstico do que está acontecendo. É o juro alto? É a insegurança do empresário? Queda de investimento, como mostrou o PIB nacional? É baixa de encomendas pelo varejo? Exportação fraca para China e Argentina? Tudo junto e mais um pouco?
A situação está se arrastando, com poucos sinais de mudar. Está certo que ações institucionais e comerciais gostam de posicionamentos otimistas, mas o financeiro precisa que executivos das empresas e políticos tomem decisões com uma visão realista. É necessário ter cuidado ao bradar retomadas e oportunidades que são voos de galinha, empurrando dificuldades estruturais que travam a almejada pujança do setor. Isso gera decisões erradas de negócio.
É assinante mas ainda não recebe a cartinha semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna