Um pouco acima do previsto, a inflação de fevereiro, com IPCA a 0,83%, foi imediatamente destrinchada para se ver o quanto impactaria na decisão do Banco Central sobre a taxa de juro Selic. Para alívio do mercado financeiro, foi uma alta "benigna" e não persistente.
Reajustes de mensalidades são tradicionais para a época. A gasolina subiu porque aumentou o ICMS. O aumento dos alimentos se concentra em hortigranjeiros, cuja efeito do El Niño sobre os preços tende a se dissipar nos próximos meses. Entre os serviços, aqueles menos voláteis tiveram desaceleração da alta e são os que o Comitê de Política Monetária (Copom) mais observa para decidir o juro. E eis que até o cinema mais barato em uma ação nacional de redes do setor também ajudou a segurar as pontas.
Os próximos cortes de juro, portanto, devem ser de 0,5 ponto percentual, como o previsto. A dúvida é até quando haverá reduções, ou seja, até que patamar. A Selic está em 11,25%, mas chegará aos 9% no final de 2024 como previsto pelo mercado no relatório Focus? Há gestoras de fundos achando que ficará um pouco acima.
E como em tudo nesta vida, os fatos econômicos não agradam a todos. A desaceleração da China e a sua substituição de importações afetam os embarques brasileiros e derrubam a cotação da soja, o que deixa o produtor rural retraído para investimentos, como tanto ouvimos na Expodireto, feira gaúcha de agronegócio realizada na semana passada. Porém, isso retira uma pressão de alta generalizada e persistente de alimentos, o que aumentaria a inflação e travaria o corte no juro.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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