O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Enquanto o Brasil usa a presidência rotativa do G-20 para levantar a bandeira da redução da desigualdade e da transição energética para a economia verde, a crise climática avança sobre o planeta. No discurso de abertura do encontro dos ministros de finanças das principais economias do planeta, reunidos em São Paulo, desde terça-feira (27), Fernando Haddad insistiu na temática.
Um dado produzido pelo setor de inteligência da maior seguradora do mundo a suíça Swiss Re tenta antecipar o que virá. A mesma empresa que previu o aumento dos prêmios pagos em seguros patrimoniais – de US$ 1,8 trilhão, em 2020, para US$ 4,3 trilhões, em 2040 – agora crava em US$ 200 bilhões o valor perdido anualmente em razão das mudanças climáticas. Filipinas e os EUA são apontados como os mais expostos aos riscos meteorológicos – inundações, ciclones tropicais e tempestades.
Segundo constata Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do Grupo no relatório, a crise climática gera eventos mais severos, cujo impacto na economia mundial tende a evoluir em igual proporção. Em 2022, por exemplo, a Swiss Re levantou US$ 22 bilhões em prejuízos nos países da América Latina, dos quais somente US$ 2 bilhões estavam cobertos por apólices.
Ocorre que os países em que a falta de proteção e as medidas de mitigação de perdas e adaptação ficam aquém da própria taxa de crescimento econômico se colocam diante de um duplo risco: os prejuízos e falta de recursos para a reconstrução. O Rio Grande do Sul e a tragédia do Vale do Taquari, que completam seis meses na próxima semana que o digam.
* Colaborou Mathias Boni