Na próxima sexta-feira (1º/3), os brasileiros vão saber quanto cresceu a economia em 2023. O Produto Interno Bruto (PIB) é um importante indicador do que já ocorreu, mas também permite vislumbrar o futuro graças a dois componentes: a taxa de investimento e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), alimentado por investimentos e projetos da construção civil, principalmente.
Se confirmar a expectativa, deve ficar perto de 3%. Essa é a aposta predominante entre os economistas de mercado e também foi o resultado do chamado Monitor do PIB, um levantamento técnico da Fundação Getulio Vargas (FGV). É possível que fique um pouco abaixo ou um pouco acima, mas deve oscilar em torno desse número.
Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, estima que cerca de 30% do crescimento se deve à agropecuária, "em particular ao desempenho da soja na região Centro-Sul do país". Mais Centro do que Sul, sabemos bem os gaúchos que enfrentamos estiagem antes de ser inundados por tempestades no complexo 2023. No último trimestre do ano passado, conforme o Monitor do PIB da FGV, a atividade econômica marcou passo: oscilou quase imperceptíveis 0,1%, já sinalizando uma desaceleração.
Se o ano passado foi de recuperação para o setor de serviços – incluído o varejo –, a indústria marcou passo. A parte que se saiu bem foi a extrativista, ou seja, basicamente petróleo e minério de ferro. As fábricas que fazem produtos de consumo amargaram um ano difícil.
Nesse ponto, a nota amarga na doce surpresa de um PIB inusualmente robusto deve ser a mesma que permite um vislumbre de futuro nos números do passado. Pela estimativa da FGV, o indicador chamado FBCF teria caído 3,4% em 2023.
O que conta, nesse levantamento, são compras de máquinas e equipamentos, que servirão para produzir mais no ano seguinte. Se esse movimento caiu, projeta ritmo mais lento à frente. Na prévia desenhada pela FGV, esses investimentos teriam caído 8,5% na indústria no ano passado. Na construção, a retração pode ter sido bem menor, 0,5% segundo a FGV.
Outro indicador de futuro no PIB do passado é a taxa de investimento da economia, que segundo o Monitor ficará por volta de 18,1% em 2023. Esse percentual já havia caído em 2022 na comparação com o ano anterior. E, caso se confirme, seguirá abaixo da média histórica desde 2000, de 19,2%. Será preciso encontrar outras fontes de surpresa em 2024.