Como o ano só acaba quando termina, nesta quinta-feira (28) foi anunciado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) ainda do terceiro trimestre (afinal, o quarto também só acaba quando o ano termina). A variação é quase imperceptível, mas veio com um sinal negativo à frente (-0,1%) ante os três meses anteriores e de mesmo tamanho - mas sem sinal negativo - em relação ao mesmo período do ano passado.
Em uma tradução curta, o Estado marcou passo, não saiu do lugar entre julho e setembro, em termos de atividade econômica. O principal motivo da estagnação é que sempre marca as diferenças entre o Rio Grande do Sul e a média nacional: a agropecuária, que enfrentou tombo de 15,5% no período.
O trimestre inclui o mês da primeira grande inundação no Estado, que atingiu duramente o Vale do Taquari, mas conforme Martinho Lazzari, chefe da Divisão de Análise Econômica do Departamento de Economia e Estatística (DEE), a diferença em relação à média nacional, que também enfrentou redução, mas muito menor (3,3%), ainda é um butiá - o equivalente gaúcho à jabuticaba, ou seja, algo que só ocorre no Estado.
A fruta azeda, no caso, foi o contraste com o segundo trimestre, quando é colhida e comercializada a safra de verão. Como o movimento entre julho e setembro é muito menor, ocorre uma queda por efeito comparativo. Tanto que, em relação ao mesmo período do ano passado, a agropecuária teve até alta, de 3,8%. O impacto da inundação, observou Lazzari, pode ser observado na retração de 3% na indústria de alimentos, porque a região afetada em setembro é forte produtora de leite e carnes.
— A agropecuária representa hoje mais 10% do valor adicionado no Estado, e os efeitos de estiagens são muito grande sobre a produção. Um efeito grande sobre um setor grande bate com bastante intensidade no PIB — ponderou Lazari.
Conforme o chefe da divisão de análise do DEE, ao olhar para o conjunto do ano, o efeito da estiagem é superior ao do excesso de chuva sobre a economia:
— A estiagem vem no verão, quando se concentra a produção agrícola do Estado e a produção de soja, que é uma atividade superimportante, de longe o principal produto agrícola, então acaba tendo impacto muito maior.
Uma curiosidade, que a coluna fez questão de checar porque não havia nem acreditado ao ouvir o dado pela primeira vez: no terceiro trimestre, período em que não há colheitas relevantes no Estado, o peso da agricultura no PIB foi de mero 1,3%.