Se no primeiro trimestre houve contraste entre o pibão do Brasil (+1,9%) e o pibinho do Rio Grande do Sul (-0,7%), no segundo houve nova surpresa positiva com o PIB, só que, desta vez, do gaúcho.
Para quem acompanha a série histórica, não é difícil de entender, mas sempre é bom detalhar: como é no segundo trimestre que o Estado concentra a receita obtida com a safra agrícola de verão - especialmente da soja -, a economia gaúcha cresceu 2,3% entre abril e junho ante o período anterior, de janeiro a março. No país, a alta foi de 0,9%.
É bom fazer a projeção anualizada para dimensionar o tamanho do salto: caso o Estado crescesse 2,3% nos quatro trimestres, cresceria mais de 9% no ano. Facilita citar que a expansão acumulada no primeiro semestre foi de 4,5% - acima dos 3,7% na média nacional.
E para situar o que isso significa, a taxa de expansão anualizada da Índia - um dos países que mais cresce no mundo atualmente - no segundo trimestre é de 7,8%. Claro, é preciso observar que no Rio Grande do Sul esse desempenho não deve ser repetir até o final do ano.
Comparado ao segundo trimestre de 2022, o PIB do RS deu um salto de 7,5%, conforme informou nesta terça-feira (26), o Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão.
O tamanho da alta surpreende, especialmente, porque o Estado voltara a enfrentar estiagem no período de cultivo da safra. Desde o trimestre anterior, porém, os técnicos do DEE antecipavam que a falta de chuva no verão de 2022/23 havia sido menor do que do que a enfrentada em 2021/22. Isso permitiu crescimento do setor agropecuário de 44% no período de abril a junho, comparado a igual período do ano anterior. Na média nacional, foi de 17%.
Para lembrar, também foi o campo que rendeu ao Brasil duas sucessivas surpresas positivas com o PIB neste ano, tanto no primeiro - com mais intensidade - quanto no segundo trimestre. O detalhe é que o crescimento do PIB gaúcho no segundo trimestre, de 2,3%, passa de qualquer dessas duas variações consideradas acima da média, mesmo o da comparação com o período imediatamente anterior.
Então, se o resultado do primeiro trimestre foi amargo como chimarrão forte para o Rio Grande do Sul, o do segundo trimestre foi assim um mate doce.