Às vésperas da volta das férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, surgiu uma alternativa para bancar a desoneração da folha de pagamento para 17 setores: a cobrança de imposto sobre compras de até US$ 50 em sites internacionais.
É um ensaio cujo sucesso é difícil de prever, depois que o medo da perda de popularidade com a adoção da medida travou a taxação tanto no governo Bolsonaro quanto no atual. Ainda sob o trauma da inflação alta, o acesso a produtos asiáticos baratos - não importa a qualidade ou se empregos são gerados fora do Brasil - é valorizado por boa parte da população.
A equipe de Haddad, que já havia ensaiado a taxação no início do ano, agora tenta de novo, com apoio de líderes do Congresso. Seria uma alternativa para a sinuca de bico em que o governo se meteu com a edição de uma medida provisória para reonerar os setores hoje beneficiados.
A iniciativa foi muito malvista no Congresso, que havia derrubado o veto presidencial à prorrogação do alívio na cobrança de tributos sobre a folha de salários para 17 segmentos que usam muita mão de obra.
Na forma como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, falou sobre o tema nesta semana, ficou claro que a alternativa menos constrangedora para o governo a essa altura seria a retirada da MP, para que não fosse devolvida, algo que raras vezes ocorreu - uma foi no governo Bolsonaro, com a tentativa de dar ao então ministro da Educação, Abraham Weintraub, de indicar reitores de universidades.
Caso pare de pé, a alternativa contempla o setor empresarial, que reclama com razão de uma isenção inexplicável do ponto de vista da economia brasileira: é um custo tributário, já que é renúncia fiscal, sem qualquer contrapartida em geração de emprego e renda dentro do país. Embora o acordo feito pelo governo com os gigantes sites internacionais - Alibaba, Shopee, Shein - preveja alguma nacionalização da produção, a maior parte das compras hoje gera emprego e renda na China e na Tailândia, além de outros países asiáticos.