Uma das boas surpresas de 2023 segue sua trajetória benigna em 2024: o indicador de risco Brasil embutido no Credit Default Swap (CDS), espécie de seguro contra calote da dívida pública do país.
É um título cujo preço aumenta quando o mercado avalia que há mais incerteza no pagamento da dívida e cai quando a percepção é de maior segurança. E nos últimos 365 dias encerrados ontem, houve queda expressiva, de 36,2%.
A coluna costuma checar o comportamento do CDS regularmente, mas desta vez teve a atenção chamada para o tema pelo economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, que mencionou o risco Brasil como um dos indicadores da "situação bastante boa" do país neste início de 2024. , assim como as melhoras em outro tipo de avaliação externa, a das agências de análise de risco de crédito.
Nos últimos cinco anos, o nível mais baixo do indicador foi registrado em fevereiro de 2020, quando o CDS chegou a 92,9 pontos. Pela data, é fácil adivinhar o que ocorreu depois, já que, em março, começou a pandemia de covid-19. Em, maio daquele ano, o indicador atingiu o máximo dos últimos cinco anos: 331,6 pontos. Depois, foi se moderando mas registrou outro pico em julho de 2022, de 310,1 pontos.
Desde então, vem caindo, mas no início de 2023 ainda estava acima de 200 pontos. Caiu até 132,8 pontos em dezembro, na esteira da onda otimista que se seguiu à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) de manter o juro e sinalizar o início dos cortes para este ano. A coluna também costuma comparar a situação do Brasil com a da Argentina na perspectiva do mercado de CDS, para ajudar na compreensão do indicador: o risco do país vizinho está em 1.031 pontos, ou seja, sete vezes maior do que o nosso.
Um dos motivos desse abismo é o fato de a pontuação do CDS embutir uma probabilidade implícita de calote: nos níveis atuais, a do Brasil seria de 2,4%, enquanto a da Argentina, mesmo durante visita técnica do FMI ao país, chega a 17,2% - também mais de sete vezes a mais.