Os sinais que se seguiram à inclusão da Gol no "chapter 11" nos Estados Unidos - proteção contra credores semelhante à recuperação judicial no Brasil - espalharam dúvidas sobre a capacidade de sobrevivência da companhia aérea.
Desde a aceitação do pedido de "reestruturação", na segunda-feira (29), as ações despencaram 33,6%, na segunda, e 26,9% na terça (30). A B3, nome oficial da bolsa de valores no Brasil, excluiu a empresa de todos os seus índices.
Em consequência, o valor de mercado (preço da ação multiplicado por sua quantidade) perdeu muita altitude: de cerca de R$ 2,8 bilhões, em 24 de janeiro, para R$ 1,3 bilhão - perda de R$ 1,5 bilhão, ou mais da metade do valor. Nesta quarta-feira (31), os papéis esboçam uma arremetida pálida, ao redor de 4,5%.
Se no mercado financeiro é relativamente mais fácil de se erguer de uma queda, no mundo dos negócios físicos a situação é mais complicada. Há farta especulação sobre quem vai ficar com os ativos da Gol - principalmente as aeronaves - se a Azul ou a Latam. Há relatos de que a Latam teria interesse em arrendar de 20 a 25 Boeings 737, que atualmente não fazem parte de sua frota.
O que pode garantir a sobrevida da Gol, por incrível que pareça, é o fato de que todo o setor aéreo brasileiro está endividado - para dizer o mínimo. Para "canibalizar" a concorrente, as rivais precisarão recorrer a mais financiamentos, o que é mais difícil com dívida já elevada.
Há informações de que o governo Lula prepara uma ajuda às companhias aéreas, mas que o limite dos recursos seria de R$ 5 bilhões. Só a dívida da Gol até dezembro era de R$ 20 bilhões. Conforme os mais recentes balanços, do terceiro trimestre de 2023, a Azul tem mais R$ 24 bilhões, e a Latam, R$ 35 bilhões.
Na nota em que comunicou a "reestruturação", a Gol afirma que "honrará todos os compromissos com parceiros de negócios e fornecedores de bens e serviços prestados a partir da data de início do processo em 25 de janeiro de 2024, além do pagamento de salários aos colaboradores". Assegura, ainda, que "continuará oferecendo voos seguros e serviços confiáveis a baixo custo".