A rede de farmácias São João, que acaba de alcançar 1.065 lojas e já marcou a abertura da 1.100ª ainda para este ano, fez outro movimento impressionante: em cem dias, reformou 700 pontos de venda em um programa que chama de "bombardeio de mix". O resultado é que, agora, o cliente pode entrar para comprar um paracetamol e sair com uma ... batedeira.
A rede triplicou a variedade e passou a vender alimentos, produtos de limpeza e até eletroportáteis, como batedeiras, liquidificadores, ferros de passar e espremedores de fruta.
— Adotamos o bombardeio de mix porque, ao entrar na farmácia, o cliente tem outras necessidades. Por isso, agregar mais produtos a seu dia a dia é importante, ele não precisa ir a outros lugares. O tempo é cada vez mais precioso, se conseguimos reunir tudo em um mesmo lugar, é um serviço a mais que prestamos — afirma Pedro Brair, presidente da rede, dizendo que foi triplicada a diversidade ofertada.
Segundo o empresário, a inspiração nasceu em uma missão da Abrafarma, a associação nacional do segmento, à Austrália. Lá, visitou três empresas: uma bem-sucedida, outra que estagnou e uma terceira que sucumbiu.
O que distinguia a primeira das demais, relata, era o mix, ou seja, os tipos de produtos ofertados. Na volta, colocou o plano em prática: envolveu mais de 2 mil pessoas nas reformas das unidades que terão de paracetamol a batedeira - passando por erva-mate e água de coco.
— O grande segredo é a velocidade. Isso é dificílimo de fazer, tem de mobilizar muita gente para transformar 700 lojas em menos de cem dias. É raro fazer isso. E é também investimento, movimentação econômica no Estado — afirma.
Conforme Brair, o "bombardeio de mix" não vai alcançar todas as unidades da rede. É focado em lojas grandes, por questão de espaço - e com fluxo intenso de clientes. Relatou, por exemplo, que o próximo produto a entrar na lista de ofertas é uma air fryer (fritadeira elétrica que dispensa óleo).
No centro do país, afirma, há pelo menos duas redes que duplicaram seu mix: a Indiana, que vende até celulares (clique aqui para ver a oferta online) e a Araujo, que inclui ventiladores nos "cuidados para o verão", ambas com origem em Minas Gerais. A coluna quis saber se essa expansão das farmácias não daria argumentos ao debate sobre a venda de medicamentos em supermercados, e Brair respondeu:
— Absolutamente não. Não somos concorrentes dos supermercados, porque a ampliação do mix não envolve volume significativo. A farmácia não pode perder sua essência. É só uma questão de conveniência. Atuamos em horário estendido, em alguns casos 24 horas, e nos sábados, domingos e feriados. É uma forma de prestar serviços à sociedade.
Pondera que está oferecendo apenas "produtos básicos, de uso mais constante" e não tem qualquer intenção de vender geladeiras ou fogões.
— A essência é a saúde e o serviço. Não vamos vender disco voador.
Será?