Controladora da área de distribuição da CEEE há dois anos e meio - e ainda sem conseguir entregar a prometida "resposta rápida" à população diante de cortes de energia -, a Equatorial fez aquisições em série no Brasil, inclusive na área de transmissão, considerada a que melhor remunera os investidores.
Na noite de terça-feira, anunciou uma venda nesse segmento para reduzir a dívida de R$ 44 bilhões, como explicita no comunicado ao mercado sobre o negócio: "É importante destacar que a operação não representa a saída do grupo Equatorial do segmento de transmissão, mas permite avançar na aceleração da sua trajetória de desalavancagem”.
No jargão corporativo, "desalavancar" quer dizer exatamente reduzir o endividamento. A empresa vendida à Infraestrutura e Energia Brasil é a Integração Transmissora de Energia (Intesa). Segundo o comunicado oficial, a Equatorial vai receber cerca de R$ 319 milhões quando a operação for fechada - ainda tem de passar por aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O negócio foi anunciado uma semana antes da apresentação do resultados da Equatorial do terceiro trimestre. No segundo, a companhia havia informado endividamento 3,8 vezes superior à sua geração de caixa (pelo conceito de lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, o ebitda). No universo empresarial, uma proporção superior a três vezes não é considerada saudável.
No balanço do segundo trimestre, a Equatorial apontou dívida bruta consolidada até 30 de junho de R$ 44 bilhões (veja as informações trimestrais clicando aqui). O valor, conforme o relatório da empresa, considera encargos, credores financeiros da recuperação judicial (líquido de ajuste a valor presente) e debêntures. Ainda pelos números do segundo trimestre, o prejuízo da CEEE-D subiu 57,8%, para R$ 159 milhões, em relação ao mesmo período de 2022.