Anunciado na quarta-feira (14) como novo presidente da CEEE-D — por enquanto, não haverá troca de marca — Maurício Álvares da Silva Velloso Ferreira tem um nome tão extenso quanto seu currículo. Nascido em Ouro Preto (MG), formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília, com especializações na própria UnB, na FGV e na Dom Cabral. Atuou na Brasil Telecom, época em que conheceu Porto Alegre como berço de uma das empresas que formaram a marca, a CRT. Foi diretor-geral da CEB (Companhia Energética do Distrito Federal). Há dois anos, estava na Equatorial, onde comandou a Equatorial Serviços e presidiu a Equatorial Energia Piauí.
Você já conhece o Estado?
Tive oportunidade de trabalhar na Brasil Telecom, vinha a Porto Alegre com certa regularidade. Não conheço o Rio Grande do Sul no detalhe, mas conheci muitas empresas que eram clientes da BrT.
Vai atuar remotamente ou já se mudou?
Já aluguei apartamento, já estou morando em Porto Alegre. A família ainda vai ficar em Brasília, mas já estou aqui em definitivo, desde a semana passada. Estou aproveitando para conhecer as necessidades dos clientes, ouvindo desde os motoristas de Uber e de táxi. Estou estudando o mercado para podermos nos aculturar. A Equatorial chega para contribuir, para agregar. Vamos contar muito com o time da CEEE. No Piauí, onde eu estava, a empresa se tornou, em dois anos, a maior investidora em cultura.
A Equatorial está assumindo uma empresa com passivo bilionário. Qual será a prioridade?
A empresa precisa mudar rapidamente. Fizemos uma live com os colaboradores, porque precisamos do time engajado para assumir uma grande mudança de postura. Na área de pessoal, trabalhamos muito com sentimento de dono, para trazer resultados com rapidez. A empresa tem despesas operacionais elevadas, então vamos fazer uma revisão de contratos, aproveitando sinergias. Muitos dos fornecedores são do grupo Equatorial, vamos rediscutir os contratos nesse contexto. Também vamos atuar fortemente no combate à perda. Isso traz resultados imediatos, na veia. Cada ponto percentual de recuperação de perda é Ebitda na veia. O foco inicial é o ajuste financeiro, estamos ajustando. Também vamos atuar na redução do endividamento da companhia para poder ter caixa. E ainda vamos voltar à adimplência com o ICMS, porque a companhia devia mais de R$ 4 bilhões, o que significa falta de dinheiro para prefeituras, para saúde, para educação. Nossa chegada já vai trazer esse benefício para o Estado.
Como será a estratégia do combate à perda, passa pela exposição de quem faz "gato", como a CEEE vinha fazendo?
Temos no grupo um setor de inteligência, de base, que trabalha com alvos de atuação. Trabalha com dados, informação, análise, o que nos permite ser muito assertivos. Também temos um trabalho forte de combate a fraude, que é um crime. Em outros Estados, também atuamos com as Secretarias de Segurança Pública para intensificar esse combate.
Quando a empresa pretende abrir o PDV?
Ainda estamos chegando, tem muita informação que vamos buscar a partir de agora, um mapeamento das pessoas. Hoje temos uma fotografia de relatório, o que é algo muito frio. A premissa é conhecer melhor, mergulhar mais no conhecimento das pessoas, enxergar o momento de vida de cada um. Tem alguns que vão comprar nosso projeto, outros estão em outra fase, querem ir para outro caminho. O PDV é uma ferramenta que a gente usa, teve no Piauí, em Alagoas. Deve ser colocada no momento certo, na hora certa, para adequação força de trabalho necessária para a prestação de serviços da concessão.
A empresa se compromete com algum prazo para restabelecer a qualidade do serviço ao menos ao mínimo regulatório?
No Piauí, reduzimos em 50% as interrupções em 12 meses. Neste momento, não vamos assumir um compromisso, porque estamos chegando. Temos aprendizado pela frente. Teresina é uma cidade que enfrenta ao menos uns quatro ou cinco eventos climáticos de grande intensidade, com ventos acima de 100 km/h. Sabemos que o Rio Grande do Sul também tem eventos intensos, como ciclones extratropicais. Vamos reforçar o plano de contingência para atuar em casos de falta de fornecimento de energia. Pegamos um plano que já existia na CEEE e vamos intensificar. Uma equipe que coordena a operação de todas as distribuidoras está aqui em Porto Alegre, em contato com o time da CEEE. Vamos aprimorar esse trabalho, estamos trabalhando fortemente para isso. O centro de contingências de Porto Alegre vai ter um no break para poder dar continuidade ao trabalho. Não é que não tivesse, mas o fornecedor tinha parado de prestar serviço de manutenção. O plano é dar resposta rápida para a população. Sabemos que os investimentos que darão robustez ao sistema levam tempo, mas vamos ter medidas e dar velocidade de resposta.