Uma das indicações do governo Lula para o Banco Central (BC) coloca um superespecialista em inflação para ponderar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) - caso o nome seja aprovado pelo Senado.
Professor na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) Paulo Picchetti comandou por muito tempo um levantamento de preços regional, mas com interesse nacional, o IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe, a mesmo que calcula preços de carros usados).
É um especialista oportuno no momento em que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, costuma apontar "desancoragem" das expectativas de inflação. Isso significa que ainda há dúvidas no mercado sobre a evolução do IPCA, inclusive se vai fechar ou não dentro da meta neste ano.
Formalmente, sua diretoria será a de Assuntos Internacionais - para a qual tem habilidades -, mas seu profundo conhecimento dos indicadores inflacionários e suas tendências pode ser a maior contribuição na análise de cenário do BC.
Picchetti também integra o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), que define quando começam e terminam recessões e fases de crescimento, com análise mais profunda do que a variação trimestral do PIB. Em 2017, em entrevista à coluna (clique aqui para ler), Picchetti comentou, bem-humorado, que deve ser, sim, "aparentado" ao reconhecido economista francês Thomas Piketty (leia entrevista aqui) e contou essa interessante história familiar:
— De alguma forma, sou aparentado com o Thomas Piketty. Conheci há alguns anos uma estudante francesa que era prima dele, Marie Gabrielle, que tem sobrenome escrito como o meu, porque o avô dela, quando foi para a França, casou com uma mulher que era meio nobre. Ficava ruim, para a sociedade francesa da época, ter sobrenome estrangeiro, e eles afrancesaram para Piketty.
O sobrenome do futuro diretor do BC é pronunciado como "piquéti", enquanto o do francês é "piquetí".