O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no fim da manhã desta segunda-feira (30) trocas em duas diretorias do Banco Central (BC). Os anúncios foram feitos em coletiva de imprensa, após reunião de Haddad com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Paulo Picchetti será diretor de assuntos internacionais do BC, em substituição a Fernanda Guardado. Picchetti é doutor em Economia e professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).
Rodrigo Alves Teixeira assume a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, atualmente sob comando de Maurício Moura. Segundo o jornal Valor Econômico, Teixeira, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), é servidor de carreira do BC, mas atuava como cedido na Casa Civil.
O anúncio de Haddad sobre as mudanças na autoridade monetária acontece logo após falas de Lula sobre a meta de déficit zero, que desagradaram o mercado, e às vésperas de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que deve definir novo corte no juro básico da economia.
A indicação do presidente precisa passar agora pelo crivo dos senadores durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. Historicamente, a CAE não cria obstáculos para os nomes propostos pelo Executivo ao BC.
As escolhas já foram informadas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de acordo com o governo, que guardou os nomes a sete chaves.
Ao contrário da rodada anterior, a apresentação das indicações agora ocorre com tempo hábil para que as cadeiras não fiquem vagas. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é formado por oito diretores mais o presidente, num total de nove membros. Na etapa anterior, Lula indicou - e o Senado aprovou - os nomes de Gabriel Galípolo para a Diretoria de Política Monetária e de Ailton de Aquino para a Diretoria de Fiscalização.
Mesmo após a entrada dos dois novos indicados por Lula, o Copom segue sendo formado majoritariamente por integrantes escolhidos no governo de Jair Bolsonaro. O Comitê apenas terá maioria de indicações de Lula quando Campos Neto deixar a instituição, o que está previsto para o fim de dezembro do ano que vem. Esse escalonamento dos mandatos dos diretores foi aprovado pelo Congresso por meio da Lei de Autonomia do BC.
Elogio aos indicados, mas sem entrevistas até sabatina na CAE
O ministro da Fazenda elogiou o trabalho dos dois indicados pelo governo para assumirem postos no Banco Central. Avisou, porém, que os dois não conversarão com a imprensa até serem sabatinados pela CAE do Senado e receberem aval dos parlamentares para os cargos.
Haddad explicou que atrasou a divulgação dos nomes porque queria conversar antes com o presidente do Banco Central.
O ministro contou que Picchetti é um professor muito conhecido pela imprensa por estar sempre em divulgações de índices de inflação e tem grande repertório acadêmico.
Teixeira, por sua vez, conforme o ministro, é antigo funcionário do BC e passou por alguns cargos importantes em alguns governos, como na prefeitura de São Paulo, quando Haddad era prefeito, e também no governo federal. Hoje trabalha na Casa Civil.
— Vocês terão a oportunidade de ver a contribuição que já deram ao país. É certeza que são pessoas que darão grande contribuição para o governo. Ambos têm respeito de seus colegas e dos demais diretores.