Em poucos dias, câmbio bateu duas barreiras psicológicas: a de R$ 5, na semana passada, e a de R$ 5,10. Nesta terça-feira (3), o dólar fechou em R$ 5,154 resultado de alta de 1,73%.
A aceleração recente da moeda americana ante várias outras no mundo decorre da percepção de que o juro de referência permanecerá alto por mais tempo nos Estados Unidos. Em consequência, os títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, elevam sua remuneração e viram ímãs de dinheiro de todo o planeta.
E se na semana passada o real havia perdido menos do que outras moedas ante o dólar, nesta terça perdeu mais: foi uma das que teve maior desvalorização. Um dos motivos é que o mercado nacional é mais líquido, ou seja, a entrada e a saída de investimentos é mais rápida. Outro é que o Brasil tem suas incertezas específicas, tanto monetárias quanto fiscais.
Os títulos de 10 anos alcançaram na véspera a máxima desde de setembro de 2007 - portanto antes do estouro da bolha imobiliária, que espalhou crise pelo planeta. E nesta terça, um relatório ao qual o mercado presta atenção mostrou que está demorando mais do que o habitual para encontrar candidatos às vagas de emprego nos EUA. Isso significa que será preciso elevar salários e, em consequência, a inflação, que o juro alto tenta domar.
O relatório que precipitou o movimento no câmbio é o Job Openings and Labor Turnover Survey, do Departamento do Trabalho do governo americano, conhecido pela sigla Jolts. Seu foco são as vagas abertas, ou seja, que não são preenchidas. O mercado esperava que apontasse 8,8 milhões de oportunidades de emprego não preenchidas, o resultado foi bem maior, de 9,6 milhões.