Desde sexta-feira passada (1º), a startup de mobilidade Grilo não transporta mais passageiros independentes, antigos usuários do app da empresa. A coluna registrou a mudança no modelo de operação, e ficou impressionada com o volume de especulações sobre os motivos que levaram à decisão.
Por isso, foi buscar explicações do CEO da empresa, Carlos Novaes. Pelo aplicativo, a Grilo passou a se focar na entrega de mercadorias e no transporte de pets. Além disso, fez parcerias com empresas para todo tipo de serviço. Ele sustenta que não havia falta de demanda para os "pulos", como a startup chama suas corridas feitas com triciclos elétricos:
— Já tínhamos cerca de 50 mil pessoas cadastradas na plataforma. O problema nunca foi a demanda, essa necessidade de um transporte mais ágil e sustentável para menores distâncias existe. O que precisávamos mesmo era um maior apoio e entendimento do nosso serviço, o que recebemos do setor privado — reforça.
A menção ao setor privado não é gratuita. Empresas como a Panvel Farmácias e o Zmart – que funciona como supermercado 100% online – contrataram os serviços da Grilo nesse novo modelo. O Instituto Caldeira fez parceria com a startup para levar colaboradores até a estação Farrapos do Trensurb — este modelo, de parceria com empresas, é o único no qual a Grilo continua transportando passageiros.
— O que nos fez a tomar essa decisão foi a falta de consciência dos agentes públicos envolvidos com transporte. A Grilo veio para complementar, não competir com os outros serviços de transporte e deslocamento. A mobilidade urbana precisa urgentemente se tornar mais ágil, democrática e sustentável, mas não encontramos a evolução dessa ideia no poder público, que nos tratava como se usássemos automóveis. A iniciativa privada entendeu, e isso nos aproximou desse setor nesse momento — pondera Novaes, argumentando que há mais possibilidade de escalar o negócio no novo formato.
Em São Paulo, para onde a empresa expandiu recentemente seus serviços, a operação será no mesmo modelo do que já ocorre em Porto Alegre. Por lá, a Grilo tem uma frota de 21 veículos, além de 16 na capital gaúcha.
* Colaborou Mathias Boni