O Brasil precisará de um investimento estimado em R$ 1 trilhão (cerca de US$ 200 bilhões) para atingir suas metas climáticas para 2030, conforme novo estudo publicado nesta terça-feira (19) pelo Fórum Econômico Mundial.
O valor é o dobro dos US$ 100 bilhões em investimentos para transição energética que o país está "em vias de receber até 2030" - conforme o FEM.
O relatório Finding Pathways, Financing Innovation: Tackling the Brazilian Transition Challenge, produzido e publicado em parceria com a consultoria de estratégia e gestão Oliver Wyman, é dirigido a líderes empresariais e do setor público sobre a realidade em relação às metas climáticas, com desafios e oportunidades. Também mostra como as empresas brasileiras podem influenciar e contribuir para a agenda global de neutralidade de carbono.
— O Brasil e outras economias em desenvolvimento enfrentam desafios climáticos diferentes. Por exemplo, o setor agrícola do Brasil desempenha um papel relativamente maior em sua pegada climática em comparação a economias desenvolvidas. Enquanto isso, os setores de energia e transporte contribuem muito menos. Os formuladores de políticas, líderes empresariais e especialistas do setor precisam se unir para ajudar o Brasil a atrair o investimento necessário para atingir com sucesso as metas climáticas — afirma Kai Keller, líder de estratégia regional e parcerias do Fórum Econômico Mundial.
O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% até 2025 e em 50% até 2030, para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Para isso, estudo sugere possíveis soluções para fechar a lacuna de financiamento:
— Desenvolver novas ferramentas financeiras e estruturas de financiamento robustas, como títulos verdes, sociais, sustentáveis e vinculados à sustentabilidade, para facilitar os investimentos climáticos (observação da coluna: os bônus verdes estão a caminho, mas estimados em US$ 2 bilhões, escassos, para o tamanho das necessidades);
— Os formuladores de políticas devem fornecer metas claras, medidas de apoio e certeza para que os líderes do setor avancem com suas estratégias de transição climática;
— Mobilizar o financiamento privado adaptando os caminhos da descarbonização e desenvolvendo uma taxonomia verde que se encaixe nas condições locais do Brasil, seguindo o exemplo da União Europeia e de países como China, Colômbia e México, que já fizeram isso (observação da coluna: esse é um dos pontos mais atrasados e que exige maior atenção, embora já esteja no radar do ministro da Fazenda, Fernando Haddad).
Veja o estudo completo aqui.
* Colaborou Mathias Boni