Nesta segunda-feira, será batido o martelo da privatização da Copel, por R$ 5,2 bilhões, na sede da B3, a bolsa de valores brasileira. Um dos personagens do momento é o gaúcho Carlos Biedermann, integrante do conselho de administração da companhia de energia do Paraná.
Biedermann esteve na origem da venda de ações no modelo de capitalização, que resultará em uma corporation (empresa de capital pulverizado, sem controlador definido).
O executivo integra o conselho de administração da Copel desde abril de 2019. No final desse primeiro ano, conversava com o presidente da empresa sobre o futuro da companhia e sugeriu que a saída poderia ser uma empresa "como a Renner", como define.
— Isso foge da ideia pura e simples de venda para um controlador e dá à empresa as vantagens de ser privada — afirma Biedermann, citando entre essas vantagens poder contratar e investir sem as amarras burocráticas da estatal.
Como o governador do Paraná, Carlos Massa, conhecido por Ratinho Júnior, foi reeleito em primeiro turno, já deflagrou o processo ainda no final de 2022. A Assembleia Legislativa aprovou, e o passo seguinte foi contratar consultorias. Uma das participantes foi a EY, para onde havia ido o ex-secretário nacional de Desestatização Diogo Mac Cord, que havia traçado as bases da capitalização da Eletrobras, mesmo modelo definido para a Copel.
— Era um momento importante, porque havia necessidade de renovar as outorgas de usinas que estavam vencendo, e a Copel teria de despender cerca de R$ 4 bilhões. Sem o modelo corporation, seria difícil ter condição para renovar as outorgas. Havia necessidade de aporte de capital — detalha Biedermann sobre os motivos do movimento.
Segundo Biedermann, até o representante dos empregados no conselho votou a favor da privatização por capitalização. Isso não significa que não tenha havido reações negativas à venda do controle, dentro e fora da companhia. A última liminar foi cassada dias antes da oferta de ações.
A coluna quis saber como foi possível aplicar à Copel o mesmo modelo que fracassou no Estado com a Corsan, Bierdemann mencionou que a companhia de energia do Paraná tem baixo endividamento, resultados sólidos - gera cerca de R$ 4 bilhões de ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação) e não tem "contingências administrativas". O governo do Paraná manteve participação de 15% e um golden share (voto decisivo) em temas como a manutenção da sede no Estado e programas de investimentos.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo