Se até poucos dias atrás parte do mercado esperava aumento iminente de gasolina e diesel, desde a publicação do balanço do segundo trimestre da Petrobras - com queda de 47% no lucro ante o primeiro e de 24,6% em relação a igual período de 2022 -, um grupo maior passou a ter a mesma expectativa.
Nesta segunda-feira (7), a cotação do petróleo brent tem leve recuo, mas o barril é negociado a US$ 85,58, 15,6% acima do que estava quando a estatal anunciou o fim da Paridade de Preços de Importação (PPI), em 16 de maio.
É importante observar que, com a disparada nos preços do petróleo provocada pelo início da flexibilização do confinamento, ainda em 2021, a Petrobras teve lucros históricos - um dos maiores do mundo no primeiro trimestre de 2022 -, graças aos baixos custos de extração e aos altos valores do barril, que passaram de US$ 100. Então, uma redução nos ganhos era esperada, mas chamou a atenção o encolhimento na comparação com o período imediatamente anterior.
Como a coluna havia relatado, na semana anterior a estatal já não descartava reajustes, afirmando, em nota, que "eventuais reajustes, quando necessários, serão realizados suportados por análises técnicas e independentes". Na sexta-feira passada (4), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que teria ouvido, dos executivos da estatal, que "se houvesse alguma oscilação para cima a partir de agora, fariam o repasse ao preço dos combustíveis e seus derivados".
Embora existam muitos ruídos entre Silveira e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, uma declaração como essa, feita em entrevista à GloboNews, ou seja, com áudio e imagem, não é dada sem um mínimo de consenso sobre o assunto. Portanto, é uma espécie de aviso.
Além da alta do petróleo, o dólar também passou a subir depois de meses em queda. Depois de ficar no patamar de R$ 4,70 por algumas semanas, voltou a trafegar na órbita dos R$ 4,90, onde está nesta segunda-feira (7): R$ 4,906, resultado de alta de 0,64%. Desde 26 de julho, quando tocou o ponto mais baixo em mais de um ano, já subiu 3,8%.
Não há mais PPI que obrigue a Petrobras a seguir cada avanço da cotação do petróleo ou do dólar, mas o compromisso da atual direção é não perder a referência internacional. Então, o melhor é ter um olho na cotação do barril e outro no tanque cheio. Afinal, o próprio Prates já afirmou que não é porque Lula é presidente que os combustíveis não vão mais subir.