Resposta curta? Sim. A mais longa? De certo ponto de vista, não. Calma, que a coluna explica. Ao menos entre as maiores petroleiras com balanços do primeiro trimestre já publicados, o maior lucro em dólares é mesmo o da Petrobras — inclusive acima de companhias de maior porte.
O que isso quer dizer? Muito pouco, porque se trata apenas de um resultado trimestral e quase todas as petroleiras tiveram lucros monumentais, com uma notável exceção: a BP (antes conhecida como British Petroleum, que mudou de nome para ir além dos fósseis).
Mas outro dado importante analisado em balanços de companhias tira a Petrobras do topo do ranking, embora reforce a impressão de que a estatal teve altos ganhos enquanto os preços de gasolina e diesel levavam a mudanças de hábitos entre brasileiros — o presidente da da Marcopolo, James Bellini, relatou aumento na procura por passagens de ônibus para evitar o uso de carros.
Ao se observar não apenas o valor do lucro, mas a proporção do lucro sobre a receita, o que expressa rentabilidade mas pondera tamanho e eficiência (do ponto de vista de transformar em ganho o valor que circula na empresa), a Petrobras ficou na segunda colocação, com 31,6%. A petroleira que teve o melhor desempenho, de 37,7% foi a CNOOC (sigla de China National Offshore Oil Company), uma das três estatais chinesas de petróleo (com PetroChina e Sinopec).
Outra ponderação importante é a de que a guerra na Ucrânia afetou os resultados de muitas petroleiras. Para obedecer às sanções impostas por União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, abandonaram projetos e negócios na Rússia mesmo com perdas, como a coluna registrou. Isso afetou o desempenho de outras gigantes do primeiro trimestre e ajudou a colocar a Petrobras no topo do ranking.
Nada, claro, comparável ao brutal prejuízo da BP (clique aqui para checar no site da companhia, porque a coluna também teve dificuldade de acreditar), de US$ 20,4 bilhões. A própria empresa credita as perdas à decisão de abandonar sua fatia de 19,75% na Rosneft (a maior estatal russa de petróleo) e outros negócios na Rússia.
A Saudi Aramco, maior petroleira do mundo que graças à alta dos preços do petróleo acabou de se tornar também a empresa com maior valor de mercado no planeta (US$ 2,43 trilhões), ultrapassando a Apple (US$ 2,37 trilhões) ainda não apresentou o resultado no primeiro trimestre. Em 2021, teve lucro de US$ 110 bilhões (não é assim que funciona, mas só para relativizar, seria o equivalente a US$ 27,5 bilhões por trimestre, no caso três vezes mais do que a Petrobras).
Resultados de petroleiras no primeiro trimestre (em US$ bilhões)
Petrobras* 8,6
Shell 7,1
Chevron 6,3
Pemex* 6,2
PetroChina* 6,2
ConocoPhillips 5,8
Exxon 5,5
CNOOC (China)* 5,4
Total 4,9
Equinor* 4,7
Eni 4
BP -20,4
*Estatais: Pemex, México e Equinor, Noruega
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto de petróleo cru quanto de derivados, como o diesel. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia que funciona como um seguro contra perdas.