Depois de boas notícias no Brasil e no Exterior, o dólar fechou em R$ 4,875 nesta sexta-feira (9). A queda de o,90% fez a moeda americana ser cotada no valor mais baixo desde 7 de junho de 2022, portanto há mais de um ano.
Em uma sexta-feira ensanduichada entre um feriado - ao menos nas maiores cidades - e o final de semana, duas ondas de bom humor se combinaram para fazer as verdinhas murcharem.
Um dos motivos da queda, avalia André Perfeito, economista com experiência no mercado de capitais, é a perspectiva do início do corte do juro básico. Parece contraditório, uma vez que, até agora, entrava muito dólar para ganhar com o diferencial de juro.
Perfeito argumenta que essa projeção eleva o preço dos ativos locais, em especial de ações na bolsa, e aumenta a demanda por ativos locais, o que faz o real se apreciar. Para confirmar essa tese, a bolsa subiu 1,24% nesta sexta-feira (9), para 116,9 mil pontos - nova máxima do ano.
— Em situações normais de temperatura e pressão, isso não faria sentido, mas a base de comparação é tão baixa que o efeito do juro sobre o câmbio tem efeito diverso do usual — justifica Perfeito.
Além disso, o grande saldo comercial ajuda a irrigar o mercado nacional de verdinhas e contribui para sossegar o câmbio. De janeiro a maio deste ano, o superávit da balança alcança US$ 35,28 bilhões, 39,1% acima de igual período de 2022.
Cristiano Oliveira, economistas-chefe do banco Pine, destaca que o dólar de fato murchou ante a várias moedas de países emergentes nos dois últimos dias, especialmente com o seguro-desemprego acima do esperado nos Estados Unidos - "lido" como sinal de que não haverá mesmo necessidade de elevar mais o juro por lá - e deflação na China. Mas ressalva que a moeda que mais se apreciou foi o real, tanto pela iminência de poda na Selic quanto pelas boas notícias do Produto Interno Bruto (PIB).