Apesar da ameaça de "derrubar tudo", o sindicato dos trabalhadores na Corsan, o Sindiágua, aprovou os termos do acordo com a estatal e sua compradora, a Aegea.
Com isso, a expectativa da Aegea, que lidera o consórcio que arrematou a companhia em dezembro de 2022, agora é assumir a empresa até o final do mês.
— A expectativa é essa, não posso garantir, mas não há motivos para retardar mais — disse à coluna o vice-presidente de operações da Aegea, Leandro Marin.
Agora, o único obstáculo que ainda trava a assinatura do contrato de compra e venda da Corsan é uma decisão monocrática de uma conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE) relacionada a questionamentos do sindicato sobre o preço mínimo da estatal. A movimentação mais recente foi uma consulta a todas as partes envolvidas - três entidades sindicais, o governo do Estado e a Corsan - sobre eventuais prejuízos às contas públicas com a demora na transferência da estatal à iniciativa privada. Todas as partes já se manifestaram e, agora, o assunto aguarda parecer do Ministério Público de Contas (MPC).
Para justificar sua nova expectativa de final da novela - que já teve outros prazos - Marin afirma que o motivo das consultas feitas pelo TCE não é o mesmo que justificou o impedimento do fechamento do contrato. No entanto, na Assembleia, deputados de oposição afirmam que teriam tido acesso a informações "graves" que não podem compartilhar com a sociedade gaúcha.
— Acreditamos totalmente na lisura do processo, caso contrário não teríamos investido R$ 4 bilhões e nos comprometido a investir mais R$ 15 bilhões. Vários agentes acompanharam a formação de preço, não só do governo do Estado mas o BNDES, por exemplo. Não há qualquer atrocidade nesse contexto — responde Marin.
Segundo o executivo, como o TCE tem reuniões semanais, há tempo hábil, ainda neste mês, até para levar o caso ao plenário. Caso o tribunal libere, adianta, o primeiro passo será pagar os R$ 4,151 bilhões que o consórcio se comprometeu a pagar ao governo do Estado. Em seguida, ocorre a transferência de ações - que a bolsa de valores já se comprometeu a fazer em um dia. Aí a Corsan passa a ter controle privado.
— O que pode demorar mais é que os bancos podem demorar um dia para desembolsar. Até porque temos um acordo que dá 18 meses de estabilidade, não vamos fazer nenhuma mudança rápida. Vamos avaliar tudo com muita calma. A única pressa para mudar será no conselho de administração, porque sai o governo do Estado — detalha Marin.