O sol que predomina no Estado depois da passagem de uma das mais severas tempestades provocadas por um ciclone extratropical ajuda a reparar parte dos prejuízos de pessoas, empresas e instituições públicas, mas está longe de resolver as perdas.
Para isso, já começou a romaria em busca de recursos para reconstruir casas destruídas, remobiliar as que ficaram em pé, mas a água levou o que era móvel e dar uma perspectiva de retomada digna para as famílias atingidas.
Ajudar agora, quando ginásios abrigam pessoas sob frio rigoroso, é obrigação de todos nós (clique aqui para saber como), mas é preciso aprender a evitar essas situações.
Eleito com o propósito de retomar relações republicanas com Estados e municípios e atuar para contribuir de fato com o combate às mudanças climáticas, o governo Lula não pode apenas repetir as estratégias do passado, muito menos se limitar a um voo sobre as áreas afetadas - é melhor do que desprezar, é claro, mas não basta.
Reconhecer que um dos efeitos mais imediatos do aumento da temperatura do planeta é a ocorrência de fenômenos meteorológicos mais frequentes e intensos também significa atuar em dois sentidos. O primeiro é criar uma via rápida de atendimento às necessidades de desabrigados e desalojados. Tudo o que depende de políticas públicas no Brasil costuma ser lento e burocrático, por isso se gasta dinheiro em excursões a Brasília enquanto falta comida, telha e tijolo nas cidades. Gastar em busca de recursos não tem lógica, é desperdício desnecessário do escasso dinheiro público.
O segundo é montar, com a rapidez que a mudança climática impõe, um sistema eficiente não só de alertas - houve grande evolução nesse ponto, independentemente dos governos de plantão, é preciso reconhecer - mas de intervenções capazes de evitar as consequências dos desastres, especialmente as irreversíveis.
Isso vale para o governo federal e para o estadual, que há poucos meses montou uma necessária - mas não suficiente - estrutura de informações sobre estiagem, que precisa evoluir para a prevenção, tanto de escassez quanto de excesso de chuva. São 13 mortes confirmadas até a manhã desta segunda-feira (19). E como relatou o colega Fábio Schaffner, nem os mortos tiveram paz desta vez.
Os eventos climáticos seguirão mantendo seus nomes: um ciclone extratropical desta vez, uma micro-explosão na passada, um ciclone-bomba na anterior, um El Niño mais do que travesso daqui a alguns meses. Não temos o direito de ignorar o aumento da frequência e da intensidade dessas tempestades, fartamente comprovado pela ciência. Muito menos, o de não agir para amenizar as consequências.