No sábado, muitos gaúchos no caminho da Capital à Serra puderam ver o dirigível que sobrevoou Porto Alegre - inclusive os presos em um grande congestionamento na BR-166, na altura de São Leopoldo.
Não era 1º de abril nem só um ajuste na rota de volta em relação à da vinda, pelo litoral. Era uma visita à base, porque a Transportes Bertolini, criadora da Airship do Brasil, tem sede em Bento Gonçalves. E agora que já está no caminho de casa, em São Carlos (SP), o que vai acontecer com a aeronave?
O batismo de fogo da aeronave ADB-3-3 teve calor, dificuldades com fornecimento de gás hélio - que a faz flutuar -, ajustes mecânicos e até forte neblina. Como a coluna já relatou, a ambição de longo prazo do projeto que já tem 30 anos, com investimento de R$ 100 milhões, é criar um modelo capaz de suportar 30 toneladas de carga.
No curto prazo, porém, o objetivo é conquistar um patrocinador fixo para a atividade à qual a ADB-3-3 está autorizada: ser uma espécie de outdoor voador, ou seja, fazer publicidade. O piloto, Charles Chueiri, é o mesmo que conduziu outro dirigível visto há poucos anos no Brasil: o patrocinado pela Goodyear, com aeronave construída nos Estados Unidos. Além do que se vê no céu, o deslocamento tem uma comitiva por terra, com um caminhão e outros veículos, com uma equipe de 16 pessoas.
A Transportes Bertolini mantém sede em Bento, mesmo que suas atividades operacionais estejam concentradas no Amazonas, com nove empresas e cerca de 5 mil funcionários.
— Nossa empresa cresceu porque tomou consciência do compromisso com a natureza — diz Paulo Caleffi, presidente da Airship do Brasil, argumentando que as soluções encontradas pela TBL preservam a floresta ao oferecer alternativa de transporte que dispensa abertura de estradas, portanto evita corte de árvores.
Embora tenha visitado cinco países para desenvolver a tecnologia da ADB-3-3 - inclusive laboratórios que preparavam soluções para viagens espaciais -, Caleffi diz que a Airship ajudou a desenvolver fornecedores brasileiros e cerca de 80% da aeronave é feita com produtos nacionais. Acha até graça das comparações com os velhos zeppelins:
— Tinham estrutura rígida, com invólucro feito de estômago de vaca. Hoje, a tecnologia é totalmente diferente.