A coluna, que gosta de um jogo de palavras, não poderia perder este: a origem do Origem é a Origem. Calma que lá vem a explicação: uma gestora de fortunas que acumula prêmios, está ligada a um banco centenário e já cresce por aquisições fora do Rio Grande do Sul nasceu em uma mesa de uma cafeteria da qual tomou emprestado o nome.
A Origem Invest surgiu do encontro de Thiago Hoffmann, empreendedor na área de tecnologia, e Lucas Casagrande, gestor de investimentos que atuou na XP, em uma mesa da cafeteria Origem. Três anos depois, tem quatro unidades no Rio Grande do Sul, uma em Goiânia (GO) e outra em São Paulo, onde negocia a aquisição de mais três.
Vai ver, o café funcionou mesmo como energético. O crescimento, dizem os dois sócios, veio com a percepção do Banco Safra, ao qual a gestora é ligada, do bom funcionamento do modelo de negócios. No Estado, a Origem está em Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Santa Maria, e ainda neste ano abre unidades em Pelotas Passo Fundo. Em pessoa física, o foco é em pessoas ou famílias com ao menos R$ 1 milhão disponíveis para alocar.
A criação do escritório, em setembro de 2020, seguiu o aroma da oportunidade que vinha de um negócio aquecido pela busca de alternativas ao juro básico que bateu em 2%. A mudança rápida - 17 meses para a Selic de 13,75% não afetou a Origem exatamente pelo blend que a casa oferece, diz Thiago:
— Conseguimos reunir os dois mundos, ter um banco sólido, tradicional e internacional, que dá segurança, e outras opções de investimento.
Lucas acrescenta que a carteira oferecida pela Origem segue a estrita diligência do banco, que não tinha papéis da Americanas - mesmo que a empresa, até antes de seu "evento de crédito", tivesse ótima avaliação de crédito - nem da Light, que pediu proteção para R$ 1,3 bilhão em dívidas.
— Às vezes, o cliente reclama de não estar recebendo 110% do CDI (retorno acima da média do mercado), mas a gente avisa: 'cuidado com essas ofertas, que podem incluir riscos'. É melhor ter um rendimento menor e não tomar default (calote) — pondera o sócio do mercado financeiro.
Até por essa postura que combina assertividade e prudência, até o crescimento rápido do Origem Invest é calibrado: Thiago relata que surgiu uma oportunidade no Rio de Janeiro, mas preferiu esperar. Como já havia compromissos assumidos no interior gaúcho e até no paulista - Campinas e Ribeirão Preto já vão receber a marca e seu modelo de gestão -, temeu 'tropeçar nas próprias pernas'. Mesmo assim, a empresa que tem hoje 60 funcionários planeja mais do que duplicar as pessoas no quadro até o final do ano, para 150.