Nascida em 2017, a gaúcha Warren já é bem mais do que uma plataforma de investimentos. Depois de receber aporte de R$ 300 milhões, Tito Gusmão, CEO da empresa, disse à coluna que ia "bater de frente" com XP e BTG.
Nesta sexta-feira (15), dá um passo decisivo nessa direção: está incorporando as operações da Vitra Capital, de São Paulo, uma das maiores gestoras de fortunas independentes do Brasil, no sistema de multi family office.
— Toda a turma da Vitra vai virar Warren, vamos ficar todos debaixo do mesmo teto. Mas para eles, não é uma venda para tomar caipirinha no Caribe, estamos trocando ações para ajudar as pessoas a atingir seus sonhos, com um modelo livre de conflito de interesse — detalha Gusmão.
O novo negócio dobra o tamanho da plataforma gaúcha, que agora passa a ter cerca de R$ 20 bilhões sob sua gestão. O objetivo, diz Gusmão, é se tornar a maior wealth tech do país. A Vitra tem 22 pessoas em um único escritório na Avenida Faria Lima, epicentro do mercado financeiro em São Paulo. Além de famílias com patrimônio já constituído, faz gestão e planejamento patrimonial para empreendedores de tecnologia inspirada por family offices americanos que atendem empreendedores do Vale do Silício.
Segundo Gusmão, a incorporação da Vitra é especialmente importante porque foi um dos modelos que inspirou a Warren. Um dos gaúchos que ajudou a criar a XP, o CEO da Warren costuma brincar que já foi "do lado negro da força" e insiste que bancos e corretoras, mesmo as mais moderninhas, têm conflito de interesses com seus clientes, por ganhar comissão com venda de produtos. Na Warren, a remuneração é por taxa (fee) sobre os investimentos.
— Até agora, estávamos trabalhando direitinho no varejo. Vamos avançar para a alta renda e unir forças para que a combinação seja muito mais potente. Só talvez não usemos o magenta 100% (tom de rosa forte que identifica a Warren), porque a turma dos ricos gosta mais de sobriedade brinca Gusmão.
Thiago Fenili, diretor de operações da Vitra, relatou à coluna que a empresa é "super low profile", ou seja, muito discreta, formada por ex-sócios da Consenso (comprada pelo UBS) e GPS (que se fundiu à Reliance para criar a Julius Bärr).
— Em dois anos e meio, a Vitra conseguiu se estabelecer como um dos maiores family offices independentes do Brasil. Atendemos a famílias e a um grupo seleto de empreendedores de tecnologia, o que é um diferencial do serviço.
Conforme os agora sócios, havia um "namoro antigo" entre as duas empresas, mas o negócio foi fechado cinco meses depois do envio do primeiro e-mail objetivo sobre a transação. Roberto Rudge, sócio-fundador da Vitra, diz que a presença física da Warren será importante, mas também sua tecnologia para dar suporte à relação humana que marca as atividades do multi family office.