O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A Fecomércio-RS antecipou à coluna a divulgação da 12ª edição de seu Mapa do Emprego. Trata-se de uma ferramenta interativa que toma por base os dados de 2021, portanto, os mais recentes disponibilizados pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais) – considerada o Censo do mercado formal no país e apurada pelo IBGE.
Vale uma ressalva. É que o intervalo em questão demarca a forte aceleração da informalidade no país. E, nesta nesta terça-feira (28), para se ter uma ideia, com base em outro indicador do IBGE: o da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), essa categoria atingiu o recorde na série histórica medida desde 2012. É que o número de trabalhadores sem sem carteira assinada cresceu 14,9% – de 11,2 milhões, em 2021, para 12,9 milhões, em 2022, aponta o instituto. E esse tipo vaga não é captada pela Rais e, portanto, pelo Mapa da Fecomércio.
De volta a 2021, com foco apenas nas carteiras assinadas, o ano permite, entre outras análises, realizar comparativos mais precisos e setoriais sobre a trajetória de recuperação dos empregos formais no Estado, tendo 2019, o início da pandemia, como referencial.
Algumas delas: há dois anos, os 2,96 milhões de vínculos no RS superavam em 2,3% (próximo da estabilidade) o patamar da pré-pandemia. Indústria de transformação (22,2%), comércio (20,8%), administração pública (15,2%) puxavam as maiores participação nas vagas ativas daquele momento.
A economista da Fecomércio-RS, Giovanna Menegotto, lembra que, em igual recorte (2019/2021), enquanto alguns segmentos deixavam para trás a crise – informação e comunicação (+16,75%), saúde humana e serviços sociais (+8%), indústria de transformação (+7,41%) – outros enfrentavam dificuldades.
É o caso dos Serviços, dependentes da atividade presencial, que seguiam no campo negativo: alojamento e alimentação (-16,66%), educação (-9,77%), transporte e armazenagem (-4,29%). A pesquisa na ferramenta também aponta para os municípios que não haviam retomado o patamar de 2019. Dentre os quais, Porto Alegre (-3,31%), cidade que, sozinha, respondia por 22,2% de todos os empregos formais gaúchos - mesmo que tenha pouco mais de 13% da população do Estado - apresentava a maior concentração.
Outro aspecto que chama a atenção. Na Capital, a administração pública (167,3 mil vínculos) correspondia a 25,5% da totalidade dos 656,9 mil empregos em estoque na cidade e liderava o ranking entre as principais atividades, em 2021, seguida pelo comércio (15,3%) e por funções administrativas (13,1%). Como as remunerações do setor público tendem a ser maiores, isso ajuda a elevar a concentração da renda na comparação com outras regiões do RS.