Há um ensaio de pôr água na fervura da batalha entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central (BC).
Na ata do Comitê de Política Monetária publicada nesta terça-feira (7), foi acrescentado um ponto que não estava no duro comunicado que se seguiu à manutenção do juro em 13,75% ao ano. Por definição, a ata é mais detalhada, mas essa é uma frase estratégica (clique aqui para ler a íntegra, trecho em destaque está no final do item 16):
"Alguns membros notaram que as medianas das projeções de déficit primário do Questionário Pré-Copom (QPC) e da pesquisa Focus para o ano de 2023 são sensivelmente menores do que o previsto no orçamento federal, possivelmente incorporando o pacote fiscal anunciado pelo Ministério da Fazenda. (destaques da coluna)"
Sem perda de tempo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez a sua parte. Em rápida entrevista concedida ao sair de uma reunião com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que esse texto está "mais amigável":
— A ata veio melhor do que o comunicado, mais extensa e analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos.
No mercado, existe ansiedade específica com a crítica de Lula à meta da inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que tem reunião marcada para a próxima semana. A coluna já ouviu que, se é para mexer na meta - a deste ano (3,25%) e a de 2024 (3%) estão definidas - que seja uma decisão rápida para não gerar incerteza. O CMN (chamado informalmente de "cemenê" nos meios econômicos) hoje é formado por Hadda, por Tebet, pela ministra da Gestão, Esther Dweck, considerada heterodoxa, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Segundo Haddad, a reunião da próxima semana "ainda não está com a pauta definida":
— Tive uma primeira conversa com a ministra do Planejamento e isso vai ser discutido pelo governo para adotar os próximos passos.
Por enquanto, o mercado financeiro observa e espera. Câmbio e bolsa oscilam perto da estabilidade, com fracos sinais de alta no dólar (+0,07%) e baixa na bolsa (-0,25%).