No anúncio da composição final de seu ministério com 37 pastas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de avisar que batia o recorde em número de mulheres. Terá 11, uma a mais do que a formação do primeiro governo de Dilma Rousseff. Ainda é pouco: menos de um terço do total.
Embora as mais saudadas pela plateia tenham sido Marina Silva, no Meio Ambiente, e Sônia Guajajara, em Povos Indígenas, coube a Simone Tebet o momento de maior protagonismo.
Para a ex-candidata que, ao aderir à campanha de Lula no segundo turno pedindo aos petistas que vestissem branco (clique aqui para ler), Simone fez um gesto que não pode ser considerado casual: vestiu uma camisa vermelha. Na hora da fotografia, fez questão de chamar o futuro colega da Fazenda, Fernando Haddad.
Mas a simbologia do gesto não parou aí, ganhou dois reforços eloquentes: pediu a Haddad que se posicionasse para a imagem do outro lado do presidente, deixando Lula entre os dois. Ao desfazer a coreografia, ainda disparou uma piscada para o novo titular da Fazenda, como se dissesse "fiz como combinamos". O significado do gesto não pode ser mais claro: cada um de seu lado, com Lula no meio, como árbitro de eventuais divergências.
O que se sabe da conversa definitiva entre Lula, Simone e Tebet é que ela se comprometeu a manter eventuais críticas à condução econômica do futuro governo entre eles. Na entrevista ao jornal O Globo, Haddad já havia referendado o relato de bastidores desta forma:
— O presidente fez uma reunião conosco na terça-feira, às 15h, durante uma hora e meia. Simone tem minha simpatia pessoal é uma pessoa transparente, que vai colocar, somar e refletir junto. E ela falou que em mais de 90% da agenda ela e eu chegaríamos à mesma conclusão. E, naquilo que porventura houver divergências, há uma instância de arbitragem, que é a Presidência da República. Nós vamos estar juntos no Conselho Monetário Nacional, na Camex, em tantas instâncias colegiadas.