As indicações para as presidências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal - cada vez mais só "Caixa" - carregam dois bons sinais e um alerta. As duas mulheres que vão comandar os dois gigantes bancos públicos são funcionárias de carreira. Tarciana Medeiros, a primeira mulher presidente do BB, atua na instituição há 22 anos. Rita Serrano assumirá a Caixa depois de 33 anos de trabalho, os últimos sete como representante dos funcionários no conselho de administração.
Como havia expectativa de indicações estritamente políticas - a senadora Kátia Abreu (PP-TO) era cotada para presidir o BB -, a escolha de funcionárias de carreira é um bom sinal. O fato de serem mulheres, em um governo que anuncia número recorde no ministério, mas correspondente a apenas 30%, também soma pontos positivos.
Os nomes, detalhou o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foram aprovados em conjunto, por ele e pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva - momentos antes, ambas haviam posado para fotos a seu lado.
Ao comentar a missão que as duas dirigentes receberam, Haddad mencionou o "desafio do sistema de crédito" e a necessidade de, "nas primeiras semanas" do mandato, colocar de pé o Desenrola, o programa de crédito prometido na campanha para auxiliar os superendividados.
Aí vem o alerta: com níveis de endividamento crescentes, resultado da queda na renda e da alta nos juros, os brasileiros de fato precisam de ajuda para sair dessa situação. É bom para as pessoas e é bom para a economia, porque o consumo vira um desafio para quem tem excesso de pendências. Mas o desenho do programa precisa ser muito bem-feito para evitar que, em vez de uma solução, crie um novo problema.