Em tempos de fake news, todo jornalista é obrigado se converter em checador constante de fatos & dados. Depois da "gasolina mais barata do mundo", a comparação que circula em campanhas eleitorais, explícitas ou informais, é a de que o Brasil tem a quarta menor inflação entre os países do G20, grupo formado pelos países de maior PIB do planeta.
Em ranking respeitado no mercado, o país aparece em 10º lugar, portanto com nove economias menos afetadas pela alta de preços. A inflação acumulada em 12 meses informada pela Trading Economics para o Brasil é a já informada pelo IBGE no levantamento mensal mais recente, de 7,17% (veja a lista abaixo).
Sempre é bom lembrar que há várias formas de medir a inflação, como a acumulada no ano (de janeiro até o mês em curso) ou a registrada em 12 meses até o mês em curso. Essa última é a mais frequente por dar um quadro mais completo da situação dos preços, não por acaso a usada pela Trading Economics, fonte habitual de estudos internacionais sobre o tema.
Dado o choque nas cotações do petróleo em particular e energia em geral, que abalou muitas economias, a essa altura vários países têm algum grau de artificialidade na composição de preços. No Brasil, foi o corte nas alíquotas de ICMS que fez a inflação apresentar sinal negativo por três meses sucessivos, sem que isso possa ser chamado, tecnicamente, de deflação.
A posição do Brasil no ranking, mesmo em 10º, é de exceção. Há vários países desenvolvidos com inflação superior à nacional neste momento, como Estados Unidos, em 14º , com 8,2%, ou Alemanha, em 19º, com 10% acumulados em 12 meses. Quer checar na fonte da informação? Clique aqui.
Em outro ranking da mesma fonte, há um complemento importante: o Brasil aparece com a segunda maior taxa básica de juro no G20, com nossos 13,75% atrás apenas da Argentina, com seus absurdos 75% ao ano. Na faixa do preço do dinheiro acima de dois dígitos, só aparece ainda a Turquia, com 10,5% (para checar este outro ranking, clique aqui).
País | Inflação acumulada em 12 meses
1. China | 2,8%
2. Japão | 3%
3. Arábia Saudita | 3,1%
4. Suíça | 3,3%
5. França | 5,6%
6. Coreia do Sul | 5,6%
7. Indonésia | 5,95%
8. Austrália | 6,1%
9. Canadá | 6,9%
10. Brasil | 7,17%
11. Índia | 7,41%
12. Cingapura | 7,5%
13. África do Sul | 7,5%
14. Estados Unidos | 8,2%
15. México | 8,7%
16. Itália | 8,9%
17. Espanha | 8,9%
18. Área do euro | 9,9%
19. Alemanha | 10%
20. Reino Unido | 10,1%
21. Rússia | 13,7%
22. Holanda | 14,5%
23. Argentina | 83%
24. Turquia | 83,45%
Fonte: Trading Economics