Não havia expectativa de surpresa para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). E a quatro dias da eleição presidencial, entregou o que se esperava: taxa Selic mantida em 13,75%, com advertência de que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".
O que chama atenção, no comunicado do Copom, é o foco reforçado no risco fiscal. Como a coluna já detalhou, as projeções de rombo para 2023 vão de R$ 100 bilhões a R$ 435 bilhões.
Logo no início do texto, pondera que "o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global e aumento da volatilidade nos ativos financeiros". Destaca que "ambiente inflacionário segue pressionado, enquanto o processo de normalização da política monetária nos países avançados prossegue na direção de taxas restritivas, tornando as condições financeiras mais apertadas". E aponta "a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados" para interpretar que "ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes", como o Brasil.
Constata, como a coluna faz há meses, que "apesar da queda recente concentrada nos itens voláteis e afetados por medidas tributárias, a inflação ao consumidor continua elevada". E aponta, como risco para a inflação, "a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos".