Depois do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o candidato à Presidência pelo PT Luiz Inácio Lula da Silva colheu o apoio do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Armínio disse ter decidido "declarar apoio a Lula" depois de pensar em "anular (o voto) para indicar pouca confiança nos dois finalistas, pensando nas oportunidades desperdiçadas pelo PT no poder".
O apoio de um economista liberal de linha contemporânea eleva a pressão por definições econômicas na campanha do petista. A corrida da sucessão presidencial nem bem tinha iniciado, em maio, quando o petista avisou que não discutiria "política econômica antes de ganhar as eleições", em entrevista à revista americana Time. Parecia uma bobagem, mas o candidato foi de notável disciplina.
Começou pela estratégia da campanha de não chancelar um só responsável pelos temas e pelas interlocuções na economia. O programa foi coordenado por Aloizio Mercadante, com contribuições de muitos economistas e formuladores do PT raiz, como Guilherme Mello, José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras) e Tereza Campello. Os sinais de Lula são de que um formulador de políticas econômicas não será ministro da Fazenda. Sua preferência é por um político, para fazer articulações, a exemplo do que ocorreu com Antonio Palocci em seu primeiro mandato.
Ao longo dos meses, foram apontados como potenciais futuros ministros da Fazenda - a superestrutura da Economia deve ser repartida outra vez - o candidato a vice, Geraldo Alkmin (PSB), o ex-ministro Jaques Wagner, o ex-governador do Piauí Wellington Dias e o governador da Bahia, Rui Costa.
Depois do resultado de primeiro turno mais apertado do que o sugerido pelas pesquisas de intenção de voto e dos apoios conquistados por Jair Bolsonaro (PL), cresceu a pressão para explicitar diretrizes de um governo, em tese, compartilhado com Geraldo Alkmin (PSB), que tem sido o articulador desses apoios de economistas ortodoxos.
A pressão existe não só porque Lula interditou o debate mais propositivo na economia - limitou-se ao comparativo com o do atual governo -, mas também porque o programa que a campanha petista protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é um ensaio que deveria ter ganho detalhamento, o que até agora não aconteceu. Empresários que apoiaram Simone Tebet (MDB) no primeiro turno cobram, inclusive, a definição de um ministro da Fazenda antes do dia 30.