Havia informações, vindas dos QGs das campanhas, de que seria duro. Um lado planejava atacar, outro ameaçava com "bateu, levou".
Mas o debate dos candidatos à Presidência na TV Globo descambou do que seria razoável - cobranças diretas e sem meias-palavras - para uma troca rasteira de insultos ou para diálogos que insultaram a inteligência do telespectador.
Nas redes, surgiu um debate paralelo sobre o impacto da troca de impropérios entre candidatos ao cargo mais importante do país que começou às 22h30min e só foi terminar depois da 1h desta sexta-feira (30). Nesse horário, quem trabalha cedo na manhã seguinte não pode acompanhar. Caso se interesse, vai ver os resumos deste dia seguinte ou, mais provavelmente, os memes que o bate-boca sem civilidade rendeu.
Nesse caso, ganha quem tumultua, como fez o autoproclamado Padre Kelmon (PTB), que só participou porque a legislação exige convites a partidos que tenham ao menos cinco parlamentares eleitos? Foi um dos maiores geradores de frases de efeito, a maior parte como alvo. Se tivesse se limitado a ser uma espécie de alívio cômico, talvez fosse uma discutível vantagem. Mas quem assistiu ao petebista discorrer sobre "política cultural", acompanhado do atual presidente e candidato à reeleição, viu tamanho desfile de barbaridades que, mesmo sem incluir ofensas pessoais, foi um dos mais deploráveis.
Por justiça, é preciso dizer que uma candidata evitou com elegância e preparo esse clima de apatifamento geral que deveria gerar um pedido de desculpas aos eleitores. Simone Tebet (MDB) foi a única que saiu do debate maior do que entrou. Não se trata de chancelar suas propostas, mas fazer justiça e explicitar um consenso entre os analistas: o país que permitiu que a discussão política desbordasse para episódios de violência verbal e física também vê nascer uma líder.