Apesar de o próprio governo do Estado reconhecer que o cronograma é desafiador e das dúvidas sobre a viabilidade da operação em prazo tão curto, começa a avançar o processo de privatização da Corsan por meio de leilão público, como anunciado em julho.
A companhia informou ao mercado da abertura de seus dados, a partir de terça-feira (30), para que potenciais interessados possam avaliar melhor se o negócio vale a pena.
Mesmo críticos do modelo anterior, de capitalização, admitem que esse formato pode ser mais atrativo para compradores. O principal motivo é por representar, de fato, o controle da companhia. No modelo anterior, o governo do Estado pretendia ficar com a gestão da empresa. Isso significa que o apetite de investidores pode aumentar.
Do ponto de vista do comprador, será preciso fazer um investimento mais relevante na aquisição da Corsan. No entanto, a partir das autorizações que se seguirão ao leilão, o controlador poderá impor seu modelo e seu ritmo à companhia, diferentemente do que estava previsto no modelo de capitalização.
O que avançou
1. A mudança do modelo de capitalização para leilão público é considerada positiva no mercado por ser mais atrativa para um investidor que deseje ter o comando da empresa. Nesse formato, costuma ser agregado o chamado "preço de controle", ou seja, o valor que um potencial candidato aceita pagar para ter a palavra final sobre como o negócio será gerido.
2. Se não especificamente no saneamento, que tem formatos diferentes de privatização, como o da Cedae, no Rio de Janeiro, no setor de infraestrutura há mais experiência do mercado com esse tipo de oferta pública. Isso ajuda a reduzir a desconfiança em relação a uma operação inédita, que era o caso da capitalização da Corsan.
O desafios que permanecem
1. A situação dos contratos da Corsan com os municípios precisa de ajustes, porque ainda há incerteza sobre o formato da contratação. O reconhecimento e a quantidade desses acordos são essenciais para definir a atratividade e, portanto, o preço a ser oferecido pela companhia.
2. Passivos trabalhistas e previdenciários também são vistos com ressalvas, porque nesse modelo serão absorvidos pelo controlador. No formato que atraiu grandes investimentos, tanto para os governos quanto na melhoria do serviço, esses custos foram isolados.