Um projeto que prevê vendas de R$ 700 milhões só no Moinhos de Vento inclui a preservação de cinco casas que fazem parte do patrimônio histórico e afetivo do bairro.
A construtora com o plano ambicioso é a Wolens, que entregou no início deste ano o Luciana 250 e planeja mais cinco prédios no bairro nos próximos anos. Mas de onde veio isso tudo, em um bairro em que grandes terrenos são raros?
— Sobretudo na pandemia, surgiram muitas placas de 'vende-se' e 'aluga-se' na Padre Chaga e na Hilário Ribeiro. Até porque nesse período não tivemos muitas obras, nos focamos em aquisições de terrenos no Moinhos de Vento. Foi um processo complexo, porque com um só lote não se consegue a estrutura adequada para um projeto, é preciso fazer uma costura entre diversos proprietários. Acabamos garantindo terrenos que nunca imaginamos que seria possível conseguir — responde Daniel Goldsztein, sócio da construtora.
O sócio da Wolens detalhou que um dos terrenos foi negociado com nada menos de 14 proprietários. Goldsztein diz que a construtora fez questão de integrar os projetos com o bairro, evitando cercar os empreendimentos sempre que possível, com outro tipo de medida de segurança. Optou por prever "fachadas ativas", ou seja, com lojas no térreo:
— Isso vai revigorar a 'vida a pé' que o Moinhos sempre teve. Quando todos forem lançados, haverá um grande acréscimo de equipamentos no bairro. Vamos entregar gentilezas urbanas.
Como o Moinhos de Vento tem muitas casas emblemáticas, a coluna quis saber se o projeto incluía preservação. Conforme Goldsztein, cinco casas do patrimônio arquitetônico e afetivo do bairro passarão por processos que vão de restauração a reforma estrutural. Os projetos com preservação terão um profissional a mais, um arquiteto historiador, que vai levantar a história da construção e da ocupação. Quatro terão uso comunitário, com espaço comercial, e uma terá uso condominial (só dos moradores).
— O que possibilitou esses projetos foi lei 12.585, de 2019, que dá incentivos para preservar casas e construções no entorno. Isso deu segurança jurídica para adquirir esses terrenos. Todas as casas que vamos restaurar eram tombadas, com exceção das localizadas na Padre Chagas. Como, no nosso entender, têm valor arquitetônico e afetivo, fizemos o pleito à prefeitura. Levou 10 meses, mas fomos atendidos — fez questão de acrescentar.
O primeiro projeto da série é o Ondular, na esquina das ruas Tobias da Silva e Quintino Bocaiuva. Será um prédio residencial de alto padrão com valor geral de vendas de R$ 50 milhões, com apartamentos de 93, 180 e 319 metros quadrados, além de opções de loft. No térreo, haverá três espaços comerciais, com assinatura do Arquitetura Nacional, escritório de Porto Alegre.