A presença feminina em conselhos administrativos e consultivos de grandes empresas aumentou 68% entre os anos de 2019 e 2022. O dado é da Evermonte Executive Search, empresa de recrutamento de lideranças empresariais de alto comando, e surgiu após pesquisa realizada com 1.114 profissionais em âmbito nacional.
O aumento expressivo é atribuído pela Evermonte a fatores tão distintos quanto a ampliação de pautas ESG (governança corporativa, social e ambiental) nas grandes corporações, e até as consequências da pandemia. Mas a coluna não pode deixar de observar que, apesar do avanço, a presença de mulheres em conselhos ainda é mais exceção do que regra.
Conforme a Evermonte, as empresas que melhor enfrentaram a pandemia foram as que tinham departamentos de Recursos Humanos consolidados e fortes. Por isso, a área de RH acabou relevância. Com maioria de líderes mulheres, houve um "incremento automático da presença feminina nos conselhos", diz Artur de Castro, sócio da empresa com escritórios em Porto Alegre, São Paulo e Florianópolis.
Também contribuiu para essa alta a ampliação do número de cadeiras em conselhos de empresas de tecnologia da informação (TI). O segmento, que se expandiu nos últimos anos, tem distribuição de gênero mais equilibrada entre as suas lideranças em relação a áreas mais tradicionais, como a indústria de transformação, pontua a Evermonte.
Completa o quadro a forte pressão social e política pela equidade de gênero em posições de comando. Recentemente, a União Europeia aprovou uma lei que exige mínimo de 40% de mulheres em conselhos das empresas de capital aberto do bloco. No entanto, no Brasil, pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) de abril mostra que de 337 corporações analisadas, 21,1% não têm nenhuma mulher em conselhos. O IBGC, disse seu diretor-geral à coluna, tem um programa de formação de mulheres conselheiras.
— Hoje existe demanda espontânea de nossos clientes por mulheres nos conselhos. Esse movimento deve continuar até alcançar uma equidade natural, pois há uma distorção grande no cenário mais comum, no qual os homens dominam — diz Castro.