Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) fez seu primeiro grande evento presencial no sul do Brasil desde o início da pandemia.
A coluna aproveitou para conversar com Pedro Melo, diretor-geral do IBGC, que há poucas semanas havia manifestado preocupação, em nome da entidade, com anúncios de mudança na Lei das Estatais.
— Mexer na Lei das Estatais é um retrocesso — insistiu.
Um dos principais objetivos da legislação é proteger empresas públicas de interferências político-partidárias. Não por acaso, a ideia surgiu em meio aos debates sobre a alta dos combustíveis. Melo pondera que, embora a proposta tenha perdido velocidade, não desapareceu: segue em pauta no Congresso, o que causa inquietação.
— É preocupante não apenas para o futuro das estatais, mas porque pode afetar nossa inserção internacional. Por isso foi importante que o IBGC se posicionasse.
A entidade é uma das que acompanha a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do governo federal, com apoio técnico a um indicador de avaliação de gestão. Como esses dados precisam ser atualizados, relata, também causou preocupação o fato de que "pouquíssimas" reapresentaram seus documentos no período previsto.
Segundo Melo, o IBGC acelerou sua atuação na agenda de diversidade, com um programa de mentoria para mulheres. O objetivo é preparar profissionais para participar de conselhos de administração de empresas. Até agora, 140 já passaram pelo processo, com elevado índice de ingresso nesses colegiados. Outro foco é a preparação para cumprimento de exigências da agenda ESG (governança corporativa, social e ambiental):
— O cerco está apertando nessa área, com novas regulações e regras de transparência. Já não é mais uma questão de escolha. Há um processo de aprendizado, e o Brasil não é um país fácil para esse tipo de informação, mas como o financiamento já começa a priorizar quem segue ESG, o dinheiro pode ser um facilitador.
O IBGC ainda representa no país a Iniciativa de Governança Climática, do Fórum Econômico Mundial, com a missão de mobilizar os conselhos de administração a abordar o desafio da mudança climática nas empresas. É o Chapter Zero Brazil.
A intenção é de que as organizações aprendam o máximo, a partir de uma curva de aprendizado. O ESG é mais identificado com questões ambientais, mas as sociais são igualmente importantes, e a questão da equidade precisa ter avanços. Diversidade é inclusão, e no Brasil temos níveis acima da média de desigualdade.