A compra de 51% da Gaspetro, estatal de gás natural que pertencia à Petrobras, pela Compass foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na quarta-feira (22). A Compass também é a empresa que adquiriu 51% da Sulgás em outubro passado. Os outros 49% da Gaspetro seguem nas mãos do grupo japonês Mitsui. Ficou difícil? A coluna preparou uma explicação esquemática lá embaixo, confere lá.
Embora o Cade não tenha feito restrições, esclarece Adrianno Lorenzon, diretor de gás natural da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), a decisão foi tomada com a premissa de que a Compass vai vender a fatia da Gaspetro em 12 das 18 distribuidoras estaduais de gás nas quais a estatal tem participação. O objetivo é abrandar a concentração de mercado, que chegaria a 80%.
Entre as consequências práticas da decisão do Cade, está o aumento da participação da Compass na Sulgás para cerca de 75%. São os 51% que pertenciam ao Rio Grande do Sul, mais a metade da Gaspetro que era da Petrobras. Na Gaspetro, está mantida a fatia de 49% da Mitsui.
A Compass havia comprado a fatia da Petrobras na Gaspetro em julho de 2021, por R$ 2,03 bilhões. O fato de a aquisição representar concentração de 80% do mercado de gás natural no Brasil fez com que entidades do setor de energia, entre as quais a Abrace, pedissem ao Cade que barrasse a venda. A novela ainda não terminou: o Mitsui, que pretendia participar do negócio, ainda tem 90 dias para se manifestar.
Conforme Lorenzon, o acordo de acionistas entre Petrobras e Mitsui na Gaspetro não é conhecido, mas é praxe de mercado que inclua uma cláusula de direito de preferência na compra no caso de um dos sócios sair do negócio. Por isso, o grupo japonês é determinante na reorganização do segmento de gás natural do país e na definição do controle da Sulgás.
Lorenzon considera pouco provável que a Compass, que fez um grande investimento na compra da fatia estadual da Sulgás, inclua a companhia gaúcha entre as 12 em que terá de vender a fatia da Gaspetro. Uma das alternativas possíveis seria uma troca de posições com a Mitsui, o que poderia dar à Compass controle total sobre a Sulgás e outras distribuidoras em que a empresa do grupo Cosan tem maior interesse. A Mitsui concentraria posições em outras.
Em nota, a Abrace avisou que "vai avaliar com seus associados e associações parceiras as melhores alternativas para continuar trabalhando pelo desenvolvimento do mercados e gás no Brasil". Lorenzon reforçou à coluna que, de fato, será necessária uma consulta aos envolvidos para definir os próximos passos. Mas vem aí um grande rearranjo do segmento de gás natural em todo o Brasil em momento de forte pressão sobre o custo do combustível no mundo.
Sim, é difícil, a coluna ajuda a entender
Sulgás era
51% RS | 49% Gaspetro (com 51% da Petrobras)
Agora, Sulgás é
51% Compass | 49% Gaspetro (com 51% da Compass)
Gaspetro era
51% Petrobras | 49% Mitsui
Agora, Gaspetro é
51% Compass | 49% Mitsui