A inquietação com a escassez de diesel no mercado brasileiro foi parar até, quem diria, em um escritório de advocacia do Rio Grande do Sul.
O Vicenzi Advogados está prestando serviços de assessoria jurídica e comercial na importação de combustíveis a uma longa lista de empresas brasileiras e sul-americanas para tentar compensar a menor oferta no mercado nacional.
Fundado em Porto Alegre há 25 anos, o escritório atua em questões relacionadas ao Direito Internacional Privado, incluindo contratos de importação de combustíveis. Nos últimos meses, viu essa demanda explodir, em razão principalmente da crise internacional que se acentuou após o início da guerra na Ucrânia.
— Os combustíveis são o assunto do momento no mercado nacional e internacional. Agora, tornou-se mais importante pela dificuldade da Petrobras de atender o mercado interno, disparidade de preços e escassez global de produtos refinados, então os players privados estão buscando suas próprias soluções — afirma Fábio Vicenzi, sócio do escritório.
Vicenzi destaca que seus principais clientes são empresas distribuidoras que não estão mais conseguindo suprir sua demanda de combustíveis com a oferta do mercado nacional. Algumas refinarias, como a de Rio Grande e a uruguaia Ancap, também estão importando petróleo cru. No Brasil, o escritório atende clientes no Sul, Centro-Oeste e Nordeste, além de empresas de Argentina, Paraguai e Peru.
Ainda segundo o advogado, até há poucos meses, as importações vinham mais dos Estados Unidos. Após o início da guerra, os norte-americanos começaram a direcionar seu produto para o mercado local, e as importações começaram a vir de outros mercados, especialmente Nigéria e Argélia, além de países do Oriente Médio, como Catar e Emirados Árabes Unidos.
— Os preços ficam entre 5% e 15% mais caros do que no mercado nacional, o que também se reflete na ponta. As Importações demoram em média de três a seis semanas desde o fechamento do contrato até a chegada do produto para o cliente. Os carregamentos normalmente vêm em volumes de 30 mil a 100 mil toneladas por mês de diesel, que é o que está mais em demanda atualmente para suprir a necessidade do consumidor final — acrescenta Vicenzi.
Conforme o advogado, apesar da pressão nos preços e do enxugamento do mercado, a boa notícia é que os distribuidores nacionais estão conseguindo fazer a importação, então o risco de desabastecimento diminui.
* Colaborou Mathias Boni